quinta-feira, 17 de março de 2011

Governo disponibiliza R$ 236 mi para compra de arroz, feijão e trigo

A Conab poderá adquirir, este mês, 349,6 mil toneladas de produtos como arroz, feijão e trigo de estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). Os recursos, cerca de R$ 236 milhões, foram aprovados em reunião da comissão interministerial (Fazenda, Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Banco do Brasil), realizada no fim do mês passado, e serão repassados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) à Companhia para utilização em Aquisições do Governo Federal (AGF), serão 223,7 mil toneladas de arroz dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, 73,1 mil toneladas de feijão de Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, e 52,7 mil toneladas de trigo de Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, totalizando 349,6 mil toneladas de produtos agrícolas. Na reunião, foram aprovados, também, R$ 81,4 milhões para custeio de despesas com transporte, armazenagem, impostos/tributos e outros.O governo utiliza os mecanismos da PGPM para adquirir excedentes de produtos do mercado, tendo por base o preço mínimo definido para cada produto. Com isto, as distorções de preços pagos ao produtor são corrigidas e ele tem garantida sua renda, além de uma remuneração mínima da colheita.

(Raimundo Estevam/Conab)


Queda nas cotações não preocupa brasileiros

A queda nas cotações das commodities teve ressonância considerada fraca no Brasil e não causa estardalhaço entre os produtores. Deixa o setor preocupado, mas nem por isso deve provocar uma corrida às vendas. Isso porque perto da metade da safra de soja já foi comprometida. E a maior parte do que falta vender ainda não foi colhida. O momento, no entanto, requer atenção, principalmente para quem ainda não tem uma estratégia de venda. A avaliação é da economista Gilda Bozza, da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), que acompanha a Expedição Safra em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Apesar das baixas de até R$ 3 por saca registradas nas regiões produtoras, o preço da soja segue ao menos 20% acima do praticado nesta época do ano passado. E, apesar da crise na África e Oriente Médio e dos terremotos no Japão, “os fundamentos do mercado continuam os mesmos”, observa o executivo Júlio Piasilva, gerente da cooperativa C. Vale em Abelardo Luz, Oeste de Santa Catarina. Em sua avaliação, os preços atuais ainda estão bons. “Acima de R$ 40, dá para vender. Quem precisa comercializar, não tem por que esperar.”

A região Oeste catarinense é produtora de sementes e os agricultores, por contar com bonificação de cerca de 8% sobre o preço de mercado da soja industrial, sentem menos pressão para a venda antecipada. Assim, estão com grande quantidade de soja para comercializar e qualquer variação influencia diretamente em sua renda. Jandir Carmignan, de Faxinal dos Guedes, não vendeu nada antes da colheita, que está pela metade. Nas últimas semanas, a cotação da oleaginosa em sua região caiu de R$ 48 para R$ 45 por saca de 60 quilos. Mesmo assim, ele diz estar tranquilo. Decidiu vender parte da produção agora e deixou uma parte armazenada, como faria normalmente, com ou sem terremotos.
Traçar uma estratégia de venda significa garantir dinheiro para pagar as contas, conforme a economista Gilda Bozza. Ela analisa que uma série de fatores está influenciando as cotações internas neste momento. Entre eles, a notícia de safra recorde, que tranquiliza os compradores, a ocorrência de quebra por excesso de chuva em Mato Grosso do Sul, que vem sendo precificada à medida que os produtores confirmam prejuízos, e os problemas internacionais, que podem afetar a renda da metade da safra que ainda está no campo.

Boa parte da tranquilidade que os produtores demonstram é dosada pelo milho. Se a soja tem preço 20% acima do praticado um ano atrás, no cereal houve aumento de até 90%. No verão passado, o preço que os produtores recebiam mal pagava os custos. Agora, o cultivo voltou a ser sustentável, com rentabilidade ainda inferior à da soja em muitas regiões, mas suficiente para reduzir as reclamações do setor.

O clima preocupa os produtores de milho mais que o mercado. José Antônio Palomo, de Abelardo Luz, que vendeu parte da produção para cobrir custos, espera produtividade de 10,8 mil quilos por hectare, similar à alcançada no ano passado. Sua maior preocupação é manter o porcentual de grãos ardidos abaixo de 10% mesmo com o excesso de umidade.

Gazeta do Povo
José Rocher