terça-feira, 22 de março de 2011

Adubo biológico melhora aproveitamento de fósforo e custa até 30% menos que o industrial

As lavouras de soja e milho de Santa Catarina se mantêm entre as melhores do país neste ano, poupadas pelas secas do La Niña e com avanço em produtividade. Os 460 mil hectares dedicados à oleaginosa e os 570 mil cobertos pelo cereal ultrapassam marcas próximas de 3 mil e 4,5 mil quilos por hectare, respectivamente, neste início de colheita. A renda na região também fica acima da obtida em outros centros produtores, uma vez que boa parte dos agricultores recebe bônus de cerca de 8% por ter a soja selecionada como semente. Para ampliar suas vantagens, o estado reduz custos. Em Campos Novos, na cabeceira do oeste agrícola, a Copercampos amplia a produção de fertilizante “vivo” a partir de cama de aviário, produto até 30% mais barato que o adubo químico.
O chamado Biocoper tem micro-organismos que agem no solo melhorando o aproveitamento do fósforo, afirma o agrônomo Marcelo Capelari. “Normal­mente, 80% do fósforo se perde. Com a ação dos fungos, 80% são aproveitados”, compara.
 

Diretor da Copercampos, Laerte Thibes mostra adubo “sem cheiro”
Lançado na safra passada, o produto vem apresentando os mesmos resultados que o adubo industrial, dizem os produtores. “A vantagem é o custo”, afirma o agricultor Márcio Wagner, que passou a utilizar o produto em 100% da área de cultivo. Ele planta 350 hectares de soja e está colhendo 3,6 mil quilos por hectare. Em 50 hectares de milho, o rendimento é de 8,4 mil kg/ha.
A fama do Biocoper leva a Campos Novos representantes de cooperativas do Paraná e de outros estados. A Copercampos planeja dobrar a produção de 5 mil para 10 mil toneladas ao ano e, em seguinda, duplicar a planta industrial, conta o responsável pela indústria, Edilson Moreira.
“O que fazemos aqui não é inédito. O que é novo é a aplicação dessa tecnologia na produção de grãos”, afirma o diretor-executivo da Copercampos, Laerte Thibes. A empresa investiu R$ 10 milhões na indústria de fertilizantes.
Os micro-organismos são comprados do Instituto de Fosfato Biológico, de Goiânia (GO). O fertilizante é composto ainda de cama aviária – que reveste os criadouros de aves e contém restos de ração e esterco – e rocha fosfática, misturados ao ar livre. Após a secagem industrial, o pó resultante não tem cheiro de esterco e recebe fécula de mandioca para ficar granulado.
A produção e a rentabilidade são animadoras em Santa Catarina, avalia a economista Gilda Bozza, que viajou com a Expedição Safra pela região na última semana. A Copercampos prevê avanço de 3,4 mil para 3,6 mil quilos por hectare na produtividade da soja e de 8,4 mil para cerca de 10 mil quilos por hectare no milho. No Oeste do estado, a cooperativa C. Vale informa que a média deve se manter entre 3,3 mil quilos e 9,6 mil quilos por hectare, respectivamente, com avanços pontuais.

José Rocher

Transporte da safra do Centro-Oeste até o porto custa quatro vezes mais que na Argentina

Brasília - Os custos logísticos são o principal problema da agricultura brasileira em comparação com outros grandes produtores do continente. Segundo o economista Luiz Antônio Fayet, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os produtores são eficientes, mas há uma discrepância “da porteira para fora”. Fayet disse que, segundo dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a média de gastos com logística no Brasil, principalmente no transporte da produção até o porto, foi de US$ 84 por tonelada de soja em 2009. Nos Estados Unidos, o custo médio foi de US$ 21 e, na Argentina, de US$ 23.
“Se tivéssemos os custos dos Estados Unidos, os produtores poderiam ganhar cerca de R$ 6 a mais por saca”, afirmou Fayet. Esse valor representa aproximadamente 15% do preço da saca em Mato Grosso, um dos estados produtores mais afetados pelos problemas logísticos do país. Em Rondonópolis, um dos municípios matogrossenses com maior produção, a saca de 60 quilos está sendo vendida por R$ 42.
Para solucionar o problema, segundo o presidente da Câmara de Infraestrutura e Logística do Agronegócio, José Torres de Melo, é preciso resolver o “colapso dos portos brasileiros, que não têm condições de exportar a safra”. Ele disse que a prioridade devem ser os portos das regiões Norte e Nordeste. “Se conseguirmos exportar por lá, vamos desafogar o Sul e o Sudeste”, afirmou. O problema é que a situação desses portos é ruim: “É chocante que no Porto de Belém a capacidade de exportação seja zero e que Itaqui [em São Luís, Maranhão] esteja desde 1992 da mesma forma".
Escoando pelos portos do Norte do país, os produtores de Mato Grosso, por exemplo, estado com a maior produção nacional de grãos, poderiam reduzir pela metade a necessidade de transporte terrestre. Atualmente, a produção viaja cerca 2 mil quilômetros antes de ser embarcada nos navios graneleiros. Segundo Fayet, as regiões Sul e Sudeste produzem menos soja e milho do que consomem. Mesmo assim, os portos dessas regiões escoam mais de 80% da produção nacional.

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Edição: Vinicius Doria

UnB desenvolve fórmula matemática que reduz em 43% risco de contaminação da água por uso de pesticida

Brasília – O Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB) criou uma fórmula matemática que permite aos produtores rurais reduzirem em até 42,7% os riscos de contaminação da água por causa do uso de pesticidas. A aplicação da equação é útil, por exemplo, para a avaliar o perigo de contaminação do lençol freático que irriga as bacias de abastecimento das cidades.
A equação foi criada após pesquisa de campo em cinco lavouras de culturas diferentes na Bacia do Ribeirão Pipiripau, no Distrito Federal, que abastece a população da cidade-satélite de Planaltina, a cerca de 40 quilômetros do Plano Piloto. A pesquisa ainda não foi publicada.
O modelo matemático, chamado Modelo de Avaliação e Manejo do Risco de Contaminação da Água por Pesticidas (Arca), calcula o risco de contaminação ao multiplicar os índices de vulnerabilidade dos recursos hídricos à contaminação (por causa da distância em relação à lavoura, composição do solo e ao manejo de plantio) pelo índice do potencial de contaminação dos produtos químicos usados (mobilidade, persistência e toxidade do inseticida, herbicida ou fungicida).
De acordo com o pesquisador responsável pelo estudo, Henrique Chaves, qualquer agricultor pode calcular os eventuais riscos de contaminação. “Ele vai ver em quanto foi reduzido o risco de contaminação, substituindo produtos mais tóxicos, móveis ou mais persistentes”. Segundo Chaves, por causa de sua atividade os produtores rurais conhecem as informações que compõem o índice de vulnerabilidade e podem saber o efeito dos princípios ativos dos pesticidas no meio ambiente com base nos dados registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“No futuro, a gente poderá listar na internet todos os produtos licenciados no Brasil com o respectivo potencial de contaminação”, prevê o pesquisador ao salientar que, ao calcular o risco não significa que a contaminação ocorra de fato, ou que se possa concluir que os pesticidas estão “bem menos agressivos que no passado”.
Conforme o pesquisador, o modelo matemático serve para orientar o agricultor e evita a necessidade de tratamento futuro da água. “Uma vez que chega na água [o pesticida], é muito difícil retirá-lo por meio dos tratamentos convencionais que temos no Brasil, como, por exemplo, a purificação de água nas estações de tratamento”.
Para incentivar inovações que preservem os corpos hídricos, a Agência Nacional de Águas (ANA) mantém, em dez estados, o Programa Produtor de Água para pagamento de serviços ambientais. Atualmente, o programa apoia, orienta e certifica projetos que visem à redução da erosão e do assoreamento de mananciais no meio rural.
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Edição: Lana Cristina

Governador afirma que o Iapar voltará a ser referência nacional em pesquisas

.O governador Beto Richa disse nesta sexta-feira (18), em Londrina, que o governo fará investimentos para que o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) volte a ser referência nacional em pesquisa e inovação tecnológica. Richa visitou a sede do Iapar acompanhado do secretário de Agricultura, Norberto Ortigara, e do presidente do instituto, Florindo Dalberto. “Asssumimos um compromisso com os servidores e com o presidente do Iapar de investir para que o instituto recupere o papel de destaque que teve no passado”, afirmou.

O governador conheceu os laboratórios de sementes e de biotecnologia vegetal, onde são desenvolvidas pesquisas voltadas à melhoria de culturas como café, cítricos e cana-de-açúcar, entre outros produtos agrícolas. Richa disse que nos últimos anos o Iapar não mereceu a atenção devida do governo e que possui quadros técnicos de pesquisadores que estão entre os melhores do País e que são responsáveis por muitas inovações tecnológicas.

“Os funcionários contam que durante o governo José Richa o Iapar estava bem estruturado, tinha os recursos necessários para investir em tecnologia, inovação e pesquisa, o que é fundamental para o fortalecimento da nossa agricultura. Nós traremos esse apoio de volta”, afirmou o governador.

Florindo Dalberto disse que a visita foi fundamental para o governador se aprofundar sobre o que representa e tem representado historicamente a tecnologia no suporte ao desenvolvimento da agricultura do Estado. Segundo ele, o Iapar tem toda uma trajetória de resultados e Beto Richa pôde comprovar isso visitando os laboratórios, conversando com os pesquisadores, e conferindo a sua infraestrutura. “O governador verificou que o Iapar pode contribuir nas áreas de ponta como a biotecnologia, a bioenergia, o grande potencial que a instituição tem para dar e, mais do que tudo, ele colocou na sua pauta de preocupações e ações a questão da pesquisa, da tecnologia, da inovação, que aliás está muito presente em seu plano de governo”, afirmou.

Entre as pesquisas em andamento no Iapar no momento estão o desenvolvimento de plantas resistentes ao cancro cítrico; de espécies de cana com maior tolerância à seca; e de um tipo de café com controle maior da maturação, permitindo colheita de frutos mais uniformes e aumentando a qualidade da bebida. “Somos a primeira instituição no País a desenvolver essa tecnologia”, explicou a bióloga Sandra Bellodi.