quarta-feira, 23 de março de 2011

Conab faz leilões de milho nesta quarta-feira

Quatro operações de venda direta de estoques públicos negociarão mais de 80 mil toneladas do grão

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, promove, nesta quarta-feira, 24 de março, quatro operações de venda direta de estoques públicos de milho.
Estarão à venda 83,6 mil toneladas do grão produzidas em três estados. Do Mato Grosso, serão 50,3 mil t; de Goiás, 16,7 mil t; e, do Mato Grosso do Sul, 16,5 mil t. A função desse tipo de leilão é regular o abastecimento e o preço dos produtos agrícolas.
Poderão participar dos leilões avicultores, suinocultores, bovinocultores (de leite e de corte), cooperativas de criadores de aves, de suínos e de bovinos (de leite e de corte), indústrias de ração para avicultura, suinocultura e bovinocultura, indústrias de insumo para ração animal e indústrias de alimentação humana à base de milho.

http://www.agricultura.gov.br/
Ana Rita Gondim
Paraná: secretário defende união de esforços para fortalecer a agricultura familiar

A superação das dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar no Paraná depende da unificação das agendas das instituições do governo do Estado, do governo federal, dos municípios e das instituições que representam a iniciativa privada e os movimentos sociais. A mensagem defendendo a união de ações é do secretário da Agricultura e presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Cedraf), Norberto Ortigara, que nesta terça-feira (22) presidiu a primeira reunião do conselho. O Cedraf é composto por 33 entidades do governo, iniciativa privada e movimentos sociais, e deverá ganhar mais duas representações com a entrada da Câmara Setorial da Juventude Rural e da Cooperativa Central dos Assentados da Reforma Agrária.

Para Ortigara, o Cedraf é o fórum qualificado para discussões que tem como objetivo o avanço da agricultura familiar. Ele salientou que vai conduzir as ações em nome do Estado, o que é responsabilidade do governo, independente das questões partidárias. Assim como Ortigara, 50% dos integrantes do conselho estavam participando da reunião pela primeira vez, em função do processo de renovação do órgão.
Participaram da reunião o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no Paraná, Reni Denardi, o presidente da Associação dos Municípios do Paraná e prefeito de São Jorge do Patrocínio, Claudio Palozi, entre outras lideranças.
A preocupação dos conselheiros é a manutenção da assistência técnica pública nos municípios.

Ortigara lembrou que o governo do Estado autorizou a reposição de quadros da Emater-PR, numa programação de 100 novos técnicos por ano até atingir o limite de funcionários que a legislação permite. Como representante do governo, Ortigara expôs as estratégias que vão favorecer o desenvolvimento da agricultura familiar e o enfrentamento de suas dificuldades no Paraná. Ele destacou a necessidade de levar uma condição de vida melhor para as famílias do campo, proprietários e trabalhadores rurais. Segundo o secretário, haverá mais atenção aos jovens e idosos no campo, por meio de programas de qualificação técnica e geração de renda para complementação de aposentadorias dos idosos. Na questão da infraestrutura, Ortigara anunciou que a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento vai concentrar esforços na readequação de estradas rurais, que ajudam as propriedades a ganhar competitividade. Assumiu o compromisso de constituir cerca de 60 patrulhas rurais por meio de consórcios municipais que irão atuar na readequação de estradas. Outras preocupações do governo que deverão ser enfrentadas para melhorar a competitividade da agricultura familiar são o investimento em transporte por ferrovias e em armazenagem. Ortigara admitiu que atualmente o déficit de armazenagem ultrapassa 10 milhões de toneladas e que a intenção do governo é atrair investimentos para ajudar a conservar e proteger a safra e evitar a armazenagem em caminhões.


No Paraguai, o rei da soja é brasileiro

Com fazendas em 13 dos 17 estados paraguaios, Favero é o maior dos produtores brasiguaios, responsáveis por 90% da soja do país

Corria o ano de 1965 e Tranquilo Favero foi convidado por uma dupla de amigos médicos a fazer um passeio: atravessar a recém-inaugurada Ponte da Amizade, que liga a cidade de Foz do Iguaçu, no Brasil, a Ciudad del Este, no Paraguai. Quando chegou ao país vizinho, ficou encantado com a imensidão de terras boas para o cultivo. “Nasci e me criei na terra, não precisava nem fazer análise para saber que naquele mundo verde que vi do outro lado da fronteira cresceria de tudo”, conta.

Os amigos voltaram da viagem, mas Favero ficou por 60 dias, de olho nas possibilidades que vislumbrava. “Comprei um carro para visitar a região, e comprei as primeiras terras”, diz. Foi um golpe certeiro. Aos 72 anos, modos simples e tereré (bebida típica semelhante a um chimarrão gelado) nas mãos, Favero é conhecido internacionalmente como o rei da soja no Paraguai.

“Os brasileiros podem se orgulhar do crescimento do Paraguai no ano passado”, diz, em seu escritório novinho, na avenida que leva ao aeroporto. O do centro estava ficando pequeno e há pouco a empresa mudou de endereço. Segundo Favero, 80% do crescimento do Paraguai veio da exportação de grãos e carne. Desse porcentual, 90% dos grãos são produzidos pelos “brasiguaios”.

Império da soja

Favero tem nove empresas, todas ligadas ao agronegócio. “Desde pequeno, quando não tinha nada e minha família era pobre, pensava em produzir alimentos”, afirma. “Roupa, sapato, carro são supérfluos, mas até a rainha da Inglaterra tem de comer todo dia.”

Louco por trabalho, diz que tem jornada de 15 horas diárias e é o estraga-prazeres da família quando o assunto é férias. “Quer me castigar, me chama para ir para a praia” afirma, rindo. Seu império tem 40 mil hectares de terras cultivadas, 40 mil cabeças de gado, 1,5 mil funcionários diretos e 5 mil indiretos. Possui terras em 13 dos 17 departamentos (estados) paraguaios.

Os números podem ser pequenos quando comparados ao maior produtor de soja do Brasil, Blairo Maggi, com seus mais de 160 mil hectares de soja. Mas lhe garantem domínio no país vizinho. Para safra paraguaia de 2011, que começa a ser colhida em breve, é esperada a produção de 8 milhões de toneladas. No Brasil, apenas as exportações chegaram a quase 50 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), alta de 5,5% sobre o ano anterior.

“Mas precisa lembrar que o Paraguai é o maior produtor de soja per capita do mundo”, faz questão de frisar Favero. Em suas contas, a produção paraguaia é de cerca de 1,3 tonelada por pessoa. No Brasil, é de 0,3 tonelada. Do total paraguaio, Favero espera produzir 120 mil toneladas. Na safra passada, foram 90 mil toneladas.

De olho na China

Favero, que se diz interessado em ouvir e aprender, tem agora voltado seus olhos para a China. Pretende abrir um pequeno escritório de representação em território chinês este ano e quer uma filial maior naquele país em 2012. Hoje, ele vende para multinacionais. Com a filial na China, pretende eliminar intermediários. "Talvez eu monte também uma empresa no Brasil para exportar carne” diz, sem dar mais detalhes.

Enquanto conversa, Favero fica de olho em uma televisão gigante instalada em seu escritório, ligada todo o tempo no mapa meteorológico do Weather Channel (canal do tempo). Diz: “vai chover bastante esse ano, isso é muito bom”. Durante a entrevista, é interrompido algumas vezes por funcionários ou por um de seus netos, que estava na região de Alto Paraná visitando umas terras. Pergunta se chove, se faz sol, como estão as plantações.

O rei da soja do Paraguai tem três filhas. Todas moram no Brasil e nenhuma seguiu os caminhos do pai. Com ele, trabalham dois dos três netos homens (há mais três mulheres), um deles é economista e, o outro, engenheiro agrônomo. Há pouco parentes em volta porque, diz ele, não é muito bom colocar muita família nos negócios. “Se um funcionário não trabalha direito, posso mandar embora. Agora, se é da família...”

Meu pai nasceu no oceano

A saga de Favero começou na Italia, quando seus avós deixaram um país que passava dificuldades para tentar a sorte em outro lugar. Sua avó estava grávida e seu pai nasceu no navio, três dias antes da chegada a Porto Alegre (RS). O filho Tranquilo nasceu em Videira (SC) e estava na pequena Chupinzinho, no Paraná, quando recebeu o convite para viajar ao Paraguai.

“Naquela época, 10 mil hectares no Paraguai equivaliam a 100 hectares no Paraná”, diz. Ele conta que foi devagar, com medo das ditaduras do país vizinho, de instabilidades. “Conforme o tempo passava, eu via que o bicho não era tão feio.” Foi ficando tão bonito até que Favero vendeu o que tinha no Brasil e se mudou de vez. Naturalizou-se paraguaio há 22 anos.

IG Economia