sábado, 2 de abril de 2011

Embrapa realiza cursos de soja e milho para técnicos africanos

Na segunda edição dos cursos do Diálogo, a Embrapa Estudos e Capacitação receberá, entre os dias 4 e 15 de abril deste ano, 49 técnicos procedentes de 28 países africanos, para 80 horas de capacitação. No módulo Agricultura: Motor do Desenvolvimento Econômico e Social, de 40h, os participantes serão levados a refletir sobre as suas realidades a partir dos pilares nos quais está estruturado o modelo agrícola brasileiro: o homem (a família, o produtor e o trabalhador rural), a terra, a organização política e social, a pesquisa e a tecnologia e o capital financeiro. Pesquisadores do Núcleo de Estudos Estratégicos serão os palestrantes de boa parte do programa desse Módulo. No segundo Módulo (40h), 25 técnicos receberão a capacitação em “Sistema de produção de milho para pequena propriedade rural, produção comunitária de sementes de milho e sistema de coleta e conservação de água na propriedade rural", realizado pela Embrapa Milho e Sorgo, sediada em Sete Lagoas (MG) e outro grupo de 24 pessoas se deslocará para a cidade de Londrina (PR) onde participará do Módulo “Cultivo de Soja”, ministrado por pesquisadores da Embrapa Soja.
 Perfil dos participantes
Todos os técnicos africanos que receberão capacitação estão vinculados em seus países de origem a Ministérios de Agricultura e de Desenvolvimento Rural, bem como a Centros de Pesquisa Agrícola, Investigação Agrária, Institutos de Extensão Rural e Universidades, onde exercem a função de pesquisadores, especialistas, coordenadores e supervisores. Em sua maioria, possuem formação em Ciências Agronômicas, Sociologia Rural, Economia e Ciências Biológicas.
 Países de origem e nº de participantes
Argélia (1), África do Sul (1), Angola (2), Benin (1), Botsuana (1), Burkina Faso (2), Cabo Verde (1), Camarões (1), Costa do Marfim (1), Egito (1), Eritréia (1), Gabão (1), Gana (4), Guiné Bissau (4), Mali (1), Marrocos (1), Mauritânia (2), Moçambique (3), Namíbia (1), Níger (1), São Tomé e Príncipe (1), Senegal (4), Sudão (3), República Democrática do Congo (3), Tanzânia (2), Tunísia (2), Uganda (2), Zimbábue (1).  Total: 28 países e 49 participantes.

Fonte: Embrapa Estudos e Capacitação


Polêmica no mercado de terras
Parecer da AGU que limita venda de imóveis para estrangeiros garante soberania nacional, mas pode suspender investimentos no setor de florestas plantadas

Segundo Abraf, o Brasil tem 6,3 milhões de hectares de florestas cultivadas com eucaliptus e pinus; um milhão dessa área pertencente a estrangeiros. A limitação da compra de terras por estrangeiros no Brasil, anunciada em agosto do ano passado em parecer da Advocacia Geral da União (AGU), gerou embate entre o órgão federal e empresas que cultivam florestas para produção de papel, celulose, madeira e carvão. Com grande participação do capital estrangeiro, o setor madeireiro defende que a imposição compromete novos investimentos em florestas e indústrias. A AGU, por outro lado, justifica a decisão pela necessidade de garantir a soberania nacional através de temas estratégicos como segurança alimentar, conservação do meio ambiente e política agrária.

Em Sapopema (Norte Pioneiro), produtores de eucalipto permanecem alheios à discussão. Investidores de uma cultura que tem cada vez mais demanda no mercado, eles comercializam o produto com os compradores que oferecem mais vantagens, sejam grandes empresas multinacionais ou madeireiras da região.

Domínio estrangeiro

César Augusto dos Reis, diretor executivo da Associação Brasileira de Florestas Plantadas (Abraf), informou que o Brasil tem 6,3 milhões de hectares (ha) de florestas cultivadas com eucaliptus e pinus, sendo um milhão dessa área pertencente a estrangeiros. Das 27 empresas associadas à entidade, 14 são brasileiras de capital estrangeiro, o que indica o domínio de outros países sobre o setor. No Paraná, são 870 mil ha de florestas para produção de madeira, papel e celulose, com 20% das terras sob propriedade de multinacionais. ''A Abraf apoia as medidas que visam a proteção da soberania nacional, mas é preciso levar em conta que as empresas são produtivas e agem com responsabilidade social. Fomos atingidos injustamente'', criticou Reis, lembrando que, após o parecer da AGU, houve paralisão de investimentos estrangeiros na ordem de R$ 37 bilhões em aquisição de terras e construção de unidades industriais. ''Sabemos que a intenção do parecer não era atingir o setor florestal. O próprio governo está tentando achar uma solução'', garantiu. Segundo ele, o País não tem poupança interna para investir em fábricas. ''O capital estrangeiro aplicado nas florestas gera divisas e empregos, não é um capital volátil.''
Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, consultor-geral da União, explicou que o parecer da AGU confirma o previsto na Lei nº 5.709, de 7 de outubro de 1971, cujo conteúdo estabelece que a aquisição de imóvel rural por pessoa física estrangeira não poderá exceder a 50 módulos de exploração indefinida, em área contínua ou descontínua. ''O problema todo é que houve entendimento da AGU, no passado, de que algumas disposições da Lei não teriam sido recepcionadas pela Constituição de 1988'', afirmou.
O argumento que pauta a limitação é a possibilidade de a compra de terras por estrangeiros comprometer, em princípio, a política agrária brasileira, além de desestabilizar o modelo de segurança alimentar e ameaçar a concepção do regime nacional de proteção ambiental.

A questão, segundo ele, seria movida pela afirmação da soberania e pela função social da propriedade. ''Não se pode evidenciar função social em propriedade que possa comprometer nossa política agrária e que, de alguma forma, contrarie interesses públicos incontestáveis.'' Para a AGU, o parecer não interfere na exploração econômica de florestas plantadas para fabricação de madeira e papel. ''A intervenção é mínima, dado que situações jurídicas consolidadas e direitos adquiridos são, sempre, respeitados. Situações futuras deverão atender ao conteúdo do parecer'', esclareceu.

Carolina Avansini
Reportagem Local
www.folhaweb.com.br




Foto: Fábio Bortoleto
  O desenvolvimento depende do crescimento do agronegócio
Por Fábio Bortoleto  
Apesar da grande colaboração do agronegócio para o desenvolvimento do país, ainda há falta de conhecimento em relação a esse setor da economia brasileira. A importância do setor rural para o desenvolvimento da sociedade e da economia das cidades está cada dia mais evidente. O agronegócio é hoje um dos carros-chefes da economia brasileira e um importante segmento da região Norte do Paraná. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística), nosso estado é o maior produtor nacional de grãos e isso reflete no crescimento e desenvolvimento das cidades. Na safra 2009/2010 o Paraná colheu 31,84 milhões de toneladas de grãos, ultrapassando em 2,4% a produção do Mato Grosso. O que não é diferente na safra atual, onde o Paraná se firma como o grande produtor nacional de grãos.
Todo o complexo agronegócio, entendido como a soma dos setores produtivos com os de processamento do produto final e os de fabricação de insumos, foi responsável por 42,5% das exportações brasileiras em 2009 e gera aproximadamente 37% dos empregos no país, segundo o IBGE. Para reforçar ainda mais os números do setor, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil chegou ao fim da safra 2009/2010 com uma produção de 148,99 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 10,3% em relação às 135,13 milhões toneladas da última safra. No início dos 1990, o Brasil produzia uma média de 58 milhões de toneladas de grãos. No decorrer dos anos o país aumentou sua produtividade e poderá atingir 200 milhões de toneladas em 2020.
A soja hoje é o principal grão do agronegócio brasileiro, o que faz do Brasil o segundo maior produtor da oleaginosa, ficando atrás somente dos EUA. Em relação à pecuária, o Brasil possui uma das mais modernas do mundo. A alta qualidade das carnes produzidas levou o Brasil a liderar o ranking dos maiores exportadores de carne bovina e de frango. Entre 2000 e 2008 o Brasil cresceu uma média de 18,6% no volume de exportações agrícolas, crescimento queoooo ma  levou o país a assumir a terceira posição no ranking dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas.
O país também possui centros de pesquisa com alta tecnologia que contribuem para avanço da agropecuária. No Paraná, por exemplo, podemos citar o IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná), que realiza pesquisas com diversos tipos de sementes como trigo, algodão, café e milho, além de desenvolver pesquisas com sementes que têm potencial para a produção de biodiesel. Na região temos também a sede da Embrapa Soja, empresa responsável pelo grande desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de soja no Brasil e que tornou-se uma referência mundial para a pesquisa da soja em regiões tropicais. 
 O clima privilegiado, alta tecnologia para a produção de grãos e a biodiversidade brasileira dão ao Brasil todo esse potencial de produção e que está cada vez mais presente no desenvolvimento das cidades. Como a população brasileira em sua maioria é urbana, muitas pessoas desconhecem a importância do agronegócio e a influência que ele exerce no desenvolvimento de uma região. Para se ter uma ideia, uma infinidade de produtos consumidos diariamente tem ligação com o meio rural. Desde o arroz e o feijão consumidos pelos brasileiros, até as roupas e sapatos utilizados têm uma ligação direta com esse setor da economia brasileira. No entanto, isso passa despercebido no cotidiano das pessoas. 
O agronegócio não para por ai. Podemos dizer que o Brasil já é a grande potência mundial do setor e, certamente será o grande celeiro responsável por gerar a maioria dos alimentos consumidos no mundo. Porém, não se pode pensar em altos níveis de produção sem se preocupar também com a preservação do meio ambiente. O desmatamento vem sendo observado principalmente em áreas de expansão de soja, isso gera um problema sério de sustentabilidade. Para que se possa produzir cada vez mais e com qualidade, é preciso uma conscientização de todas as pessoas envolvidas para que o país continue a crescer para se firmar como o grande produtor mundial de alimentos. Porém, é necessário que também seja um exemplo de como os agricultores brasileiros podem conseguir altos rendimentos no campo com ações sustentáveis que não venham a comprometer a capacidade futura de gerar mais riquezas e alimentos.
Fábio Bortoleto é jornalista e pós-graduando em Assessoria de Comunicação
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Banco do Brasil diz que vai investigar empréstimos a desmatadores

Após denúncia do Ministério Público Federal no Pará (MPF-PA) de irregularidades na concessão de crédito rural a proprietários com pendências ambientais e trabalhistas, o Banco do Brasil diz que vai analisar “caso a caso” os financiamentos questionados. O MPF entrou com ações na Justiça contra o BB e o Banco da Amazônia (Basa) pelo empréstimo de dinheiro público a produtores rurais com irregularidades ambientais e até casos de trabalho escravo. Pelo menos R$ 8 milhões do BB e R$ 18 milhões do Basa foram liberados para fazendas paraenses nessa situação, segundo o MPF. Em nota, o BB diz que a instituição “cumpre as exigências previstas na legislação ambiental, incluindo a Resolução 3545 do Conselho Monetário Nacional, e nega a acusação de financiar o desmatamento na Amazônia ou empreendimentos que utilizem trabalho análogo ao escravo”.

O banco argumenta que houve redução na concessão de crédito agropecuário no Pará após a entrada em vigor da regra do CMN, que proibiu empréstimos para proprietários rurais com irregularidades fundiárias e que desmatassem sem autorização dos órgãos ambientais. “Em 2007, o Banco do Brasil contratou 17.557 operações de crédito rural no Pará, contra 7.146 em 2010 (volume 60% menor). A Resolução 3545 do CMN foi publicada em 2008”, diz a nota. O Basa informou que ainda não foi notificado pela Justiça e por isso não vai se manifestar sobre a denúncia. Em nota, a assessoria do banco diz que a instituição “dispõe de uma política socioambiental e trabalha pelo desenvolvimento sustentável da região amazônica”.


Pesquisadores conseguem retirar etanol da casca do eucalipto
Cientistas querem testar se transformação é viável para o mercado
É possível gerar etanol a partir da casca do eucalipto. Este é o resultado de uma pesquisa inédita no mundo, realizada por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). A ideia é utilizar mais de sete milhões do resíduo que sobra da madeira utilizada na indústria de papel e celulose. Se tudo der certo, a previsão é que o novo etanol chegue ao mercado em no máximo em 10 anos. No Brasil, existem mais de 4,5 milhões de hectares de eucalipto. Cada 30 milhões de toneladas de madeira geram sete milhões de toneladas de casca de eucaliptos. De acordo com pesquisadores, uma tonelada pode produzir 200 mil litros de etanol.
 A quantidade é muito parecida com a cana, até mesmo o de segunda geração, e isso pode dar um incremento no biocombustível. Cada hectare de eucalipto produz 2,6 mil litros de etanol. Um hectare de cana produz seis mil litros de etanol. O etanol de casca de eucalipto é mais uma fonte de energia alternativa, mas não concorre com o etanol da cana, já consolidado no mercado. A partir de agora, os pesquisadores iniciaram um novo estudo, em parceria com a União Europeia.  A viabilidade econômica depende de vários parâmetros. A ideia é associar o eucalipto com o setor sucroalcooleiro – afirma Carlos Alberto Labate, professor da Esalq/USP.
Kellen Severo | Piracicaba
CANAL RURAL

A ciência e o Código Florestal
Por Reinhold Stephanes
Reclamo, há tempos, que falta ciência e racionalidade ao debate sobre o Código Florestal. Porém, não me iludo que os argumentos racionais sempre prevaleçam na defesa de um ideal. O meio ambiente é uma causa capaz de mobilizar seguidores que, de tão bem-intencionados, repudiam qualquer mudança, mesmo em áreas em que nem sequer conhecem a realidade. E quem tenta apontar alternativas é visto como inimigo da natureza, o que deixa em segundo plano os reais motivos para revisar a legislação. Esse lapso ficou claro no seminário da Frente Parlamentar Ambientalista, da qual participo, com membros da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). Sob a aprovação do público, técnicos defenderam três teses, com as quais há consenso: o Código Florestal de 1934 e o de 1965 foram feitos com base na ciência; a agricultura deve crescer por produtividade e sem avançar em novas áreas; e, antes de desmatar, áreas degradadas devem ser recuperadas.
Portanto, o seminário nenhuma novidade trouxe ao debate, embora a discussão seja oportuna já que votaremos o projeto que altera o atual Código. E isso vai ocorrer para simplificar legislação com mais de 16 mil itens e longe de ser aquela definida pelos especialistas em 1965. Na verdade, 80% das normas tiveram mudanças profundas de conceito, principalmente por meio de medida provisória que, em 2001, deixou de fora do processo produtores, Ministério da Agricultura e cientistas. Desde os códigos de 1934 e 1965, houve novidades expressivas na ciência agrícola, como a descoberta da fixação biológica de nitrogênio e o plantio direto na palha. O primeiro permitiu alimentos mais baratos e saudáveis e valeu a indicação ao Prêmio Nobel de Química, em 1997, da pesquisadora da Embrapa Johanna Döbereiner, que aperfeiçoou o processo. O segundo chegou ao Brasil nos anos 1970, sendo eficiente no controle da erosão, reduzindo custos e aumentando a produtividade.
Ambos se aliam a outras técnicas modernas difundidas pela Embrapa, por 17 unidades estaduais de pesquisa e por instituições afins. A prova incontestável do avanço da ciência agrícola está nos números, conhecidos por líderes e dirigentes do setor: a produção vem crescendo 3% ao ano, por aumento de produtividade e sem expansão da área de plantio. Além disso, nos últimos dez anos, somos o país que mais cresce em eficiência. Também a recuperação de áreas degradadas já é realidade no campo e na Embrapa, sendo orientação de governo, com financiamento aos produtores. A questão concreta que o seminário ignorou é o que acontecerá, em três meses, quando se tornar inviável um milhão de pequenas e médias propriedades, em áreas consolidadas há décadas, por cumprir uma legislação elaborada sem critérios técnicos? Quando for proibido o plantio em encostas e morros, o que será feito com as plantações de maçã em São Joaquim na serra catarinense; com cafezais em Minas Gerais e no Espírito Santo; e com os vinhedos e arrozais do Rio Grande do Sul? Como retirar dos agricultores o direito de produzir e até de viver nessas regiões? E como isso vai afetar o bolso dos trabalhadores? Essas são questões práticas que se colocam.
O debate sobre o Código tem que caminhar na direção de encontrar amparo legal para mantermos, de forma sustentável, a produção de alimentos que abastece o país e mais de 180 mercados fora daqui. Não podemos deixar que prevaleçam posições ideológicas e doutrinárias, afetadas pelo preconceito contra o campo daqueles que nem sequer conhecem o meio ambiente que defendem. Estou certo de que há ciência disponível para equilibrar o desejo de ambos os lados.
Economista e deputado federal pelo PMDB/PR. Foi ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Fonte: Página Rural