quarta-feira, 13 de julho de 2011

Atraso na colheita pode elevar preço do milho em Mato Grosso
Demora no plantio da soja e preferência pelo algodão prejudicaram o milho. Queda na produção deve influenciar aumento de rentabilidade do produtor.
A colheita da safra 2010/2011 de milho em Mato Grosso está atrasada. Os produtores tiraram do campo aproximadamente 27,5% do grão cultivado no ciclo atual, estimado em 1,752 milhão de toneladas. Na temporada anterior, quando a produção era de 2 milhões de toneladas, a colheita no período chegava a 66% da área. Os dados foram divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) nesta segunda-feira (11). De acordo com o diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Henrique Fávaro, o atraso na colheita ocorre por dois fatores. O primeiro está relacionado ao atraso no plantio da soja, em setembro do ano passado, por falta de chuva. Outra justificativa é a preferência pelo algodão para a produção da segunda safra. “Os preços atrativos da pluma fizeram com que o produtor plantasse o milho após a colheita da pluma”.
Para Fávaro, essa última característica pode influenciar a quebra da safra. “Com esse atraso, o milho sofreu com a estiagem”. Ele acrescenta que a perda na produção ainda é incalculável, mas pode chegar a 50% da produtividade por área no que ainda falta ser colhido”. Por exemplo, se o produtor colheu até o momento 120 sacas por hectare, nos próximos meses a estimativa é que reduza para 60 sacas/ha.
Preço
O diretor da Aprosoja ressalta que a quebra da safra pode elevar a rentabilidade do produtor. Com a falta de produto no mercado, que se mantém aquecido, a expectativa é para a alta dos preços. O agricultor ainda está supervisionando a safrinha do Paraná e de Mato Grosso do Sul, que pode perder produtividade em função da geada. De acordo com o Imea, o preço do milho ofertado pelas tradings e corretoras ficou na casa dos R$ 15,50 por saca no município mato-grossense de Campos de Júlio. Em Rondonópolis o preço chegou a R$ 19,50 por saca.
G1 - Globo
Autor: Vivian Lessa
Área de grãos voltará a crescer em 11/12, prevê Agroconsult
Em sua estimativa inicial para a temporada 2011/12, a Agroconsult prevê um aumento de 800 mil hectares na área cultivada com soja no país, para o recorde de 25 milhões de hectares, ante 24,2 milhões de hectares do ciclo 2010/11
A área cultivada com milho e soja deve voltar a crescer na temporada 2011/12, na esteira dos altos preços de commodities agrícolas, baixos estoques de grãos nos Estados Unidos, e beneficiada por uma relação de troca favorável aos produtores, disse um executivo da Agroconsult nesta terça-feira. "Sou altista para os preços em Chicago. Vai depender do clima, mas os estoques devem continuar baixos", disse o sócio diretor da Agroconsult, André Pessôa.
Em sua estimativa inicial para a temporada 2011/12, a Agroconsult prevê um aumento de 800 mil hectares na área cultivada com soja no país, para o recorde de 25 milhões de hectares, ante 24,2 milhões de hectares do ciclo 2010/11. O cultivo da safra de verão tem início em setembro, com o retorno da temporada das chuvas. No ciclo 2010/11, o Brasil cultivou uma área recorde com soja. Para o milho, a consultoria aponta uma alta de 300 mil hectares, para 8,2 milhões de hectares, versus 7,9 milhões de hectares cultivados no ciclo anterior. Mas, neste caso, o incremento deve ser ocorrer sobretudo nos Estados do Sul e nas fronteiras agrícolas do Nordeste, como oeste da Bahia e sul do Maranhão, em áreas de alta tecnologia.
Além dos preços favoráveis, os produtores brasileiros trabalham com um cenário positivo no que se refere ao custo de produção. Segundo Pessôa, apesar do aumento de 6 por cento estimado no custo para produzir a soja e de 11 por cento para o milho, o produtor ainda conta com uma relação de troca muito favorável. "Apesar do aumento do custo de produção, o produtor (brasileiro) hoje precisa de menos sacos para adquirir o pacote básico de tecnologia (necessária para cultivar a safra) na comparação com o ano passado", disse Pessôa.
Nos cálculos iniciais da consultoria, o produtor de soja precisará em média de 23 sacas de 60 kg de soja para adquirir um pacote básico de tecnologia, que inclui sementes, fertilizantes e defensivos, para cultivar 1 hectare de terra. Em 2010, o produtor precisava de 30 sacas para comprar o mesmo pacote. No caso do milho, a diferença é mais significativa. Em 2011, segundo a consultoria, devem ser necessárias 55 sacas de milho para pagar o pacote de insumos utilizados no cultivo de 1 hectare com o cereal, contra 75 sacas em 2010. A base de preços no caso da soja leva em conta as cotações médias em Mato Grosso e a de milho as cotações médias do Paraná.
Algodão
Na avaliação da Agroconsult, a área cultivada com algodão também pode voltar a aumentar e a consultoria trabalha com a perspectiva de um novo incremento de 200 mil hectares, para 1,58 milhão de hectares. No ciclo 2010/11 houve forte expansão do ano passado, quando se registrou um salto de mais de 60 por cento no plantio da pluma no Brasil, para 1,38 milhão de hectares. Mas o consultor ressalta que a retração dos preços do algodão, especialmente no mercado interno, pode interferir nesta projeção. Segundo Pessôa, os preços recuaram por conta de uma retração da demanda que não manteve o ritmo das compras em meio à forte alta dos preços da commodity desde o segundo semestre de 2010.
Agência Reuters