sábado, 16 de abril de 2011

Secretaria da Agricultura faz alerta sobre venda de agrotóxicos pela internet
A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento está intensificando a fiscalização do comércio de insumos e agrotóxicos no Paraná. O alerta está sendo feito principalmente para a venda de produtos pela internet, ou ainda de promoções feitas por meio de telefonemas de vendedores de outros estados. O engenheiro agrônomo Adriano Riesemberg, chefe da divisão de Fiscalização de Insumos da Secretaria, alerta que o agricultor deve ficar atento a esse tipo de abordagem que podem gerar sérios prejuízos à lavoura. Segundo Riesembert, o agricultor deve ser orientado por um engenheiro agrônomo para saber se realmente é necessário o uso do produto que está desejando comprar. “Esta é a maneira correta ao adquirir insumos para a lavoura”, disse.

“E ao comprar deve estar com o receituário agronômico em mãos, e depois adquiri-lo em locais devidamente registrados junto à Secretaria da Agricultura”, explicou. A Secretaria já dispõe de um Sistema de Prescrição e Uso de Agrotóxicos do Estado do Paraná (Siagro) que interliga, por intermédio de uma central informatizada, os 3,4 mil pontos de vendas desses produtos no Estado. Esses dados eletrônicos são armazenados junto ao Departamento de Fiscalização Agropecuária (Defis). “Mas o agricultor deve ficar atento a algumas novas maneiras que estão surgindo no comércio de agrotóxicos”, explica Riesemberg ao falar sobre recente fiscalização e interdições feitas no interior do Estado.

No caso, foi o próprio agricultor que chamou a fiscalização por suspeitar do produto que lhe haviam oferecido através de um telefonema de vendedores de outro Estado.
“Primeiro ele desconfiou dessa ligação, pois não havia feito nenhuma compra pela internet, ou mesmo procurou o determinado agrotóxico. Ele desconfiou da ligação. Perguntou se o produto vinha com nota fiscal, se tinha o receituário agronômico. Os vendedores disseram que sim, e que lhe enviariam depois o boleto para o pagamento”, disse Riesemberg. Outra desconfiança nessa negociação foi o valor oferecido para o agrotóxico, que em média custa no mercado R$ 110 o galão. O preço oferecido pelos vendedores estava em R$ 70. “O agricultor chegou a questionar essa diferença. O argumento utilizado por eles era de no seu Estado, no caso São Paulo, havia uma tributação diferenciada, e além disso uma relação direta com a multinacional que ajudava a baratear o custo final do veneno”. O agricultor ficou com um pé atrás, e comprou apenas um galão do produto. Quando recebeu o pedido, viu que o galão era flácido, cedia facilmente a pressão. Além disso a bula tinha escritos com coisas erradas, e o receituário prometido também não foi entregue. Segundo Riesemberg, o agricultor corre o risco de muitas vezes comprar um produto falsificado, que não dará nenhum resultado na sua lavoura. “Em algumas das vezes eles colocam só metade do reagente ativo, da formulação dentro desse galão. Ou ainda misturam outro fungicida de preço bem menor no mercado, mas também de menor eficiência, ou não colocam nada”.

RESPONSABILIDADE - A origem do produto comprado pela internet ou por telefone também é questionado pelo técnico da Secretaria. “O produto pode ter sido contrabandeado de outros países, como Argentina e Paraguai, e que não apresentam garantia alguma”, diz. Outro detalhe levantando é que o produto oferecido muitas vezes pela metade do preço pode ter sido roubado. “E aí nesse caso o agricultor corre o risco de estar colaborando com um crime, e também pode responder por isso”. A divisão de Fiscalização de Insumos está presente em todo Paraná. São 42 engenheiros agrônomos fiscais distribuídos em 20 núcleos regionais, todos atuando em seis áreas de ação, sob coordenação do Defis que busca promover a qualidade e a idoneidade dos insumos e dos serviços agrícolas oferecidos aos produtores, fatores fundamentais para a sanidade das culturas, segurança alimentar e sustentabilidade da agricultura paranaense


Plantio direto é a chave para a sustentabilidade no campo
O Dia Nacional da Conservação de Solo é uma oportunidade para rever conceitos e avaliar as práticas no uso do solo

“Para cada três tratores usados no passado, hoje usamos apenas um, de tamanho médio”. A afirmação é do Gestor Técnico da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto – Cooplantio, Dirceu N. Gassen, destacando que o tripé plantio direto, rotação de culturas e cobertura permanente do solo é a chave da sustentabilidade para estabelecer metas continuas de produção.
A preocupação com a conservação do solo é mundial, já que a expansão da atividade agrícola para áreas novas é restrita, sendo o Brasil um dos poucos países a dispor de áreas para expansão. O Dia Nacional da Conservação de Solo, comemorado no dia 15 de abril, é uma oportunidade para rever conceitos e avaliar as práticas no uso do solo.

Segundo Gassen, o plantio direto não é o objetivo da agricultura, mas uma das práticas mais importantes que se desenvolveu nos últimos anos para a busca da sustentabilidade na produção. O uso desse sistema de cultivo que iniciou há mais de 30 anos, como substituto ao cultivo convencional (lavração e gradagem do solo, muitas vezes associado a queima da palha), além de reduzir para um terço o uso de tratores na lavoura, aumentou a vida útil do maquinário. “Com a adoção do plantio direto, independente da região, se reduziu em torno de 66% o consumo de combustível, cerca de 95% a erosão do solo e aumentou a atividade biológica”.
De acordo com ele, nos últimos anos com a evolução nas práticas de manejo, o consumo do diesel passou de 189 litros com a produção de 3600 kg de grãos/ha para 62 litros e uma produção próximo a 6800 kg de grãos por hectare. A soja, até 1990, com o plantio convencional, produzia em torno 1450 kg de grãos/ha e o consumo de 60 litros de diesel. Nos últimos anos, com a evolução do plantio direto, o melhoramento genético e a eficiência nos processos de manejo, a produção média chegou a 2400 kg/ha com o consumo de 22 litros de diesel/ha. Para o milho, a redução no consumo de diesel foi de 33 ml para seis ml por kg de grãos produzidos.
A eficiência na produção de arroz, milho e soja com relação ao consumo de um litro de diesel aumentou de 4,4 a 5,8 vezes entre 1980 e 2010. Conforme Gassen, a evolução da agricultura está diretamente relacionada com a qualificação de pessoas. “A agricultura é um negócio de pessoas, não um negócio de solo, de clima, de sementes. É um negócio de quem tem capacidade para manejar o solo e gerar renda. As pessoas é que fazem a diferença no uso do solo. São elas que conduzem uma lavoura mais eficiente e fazem o plantio direto”. No Dia Nacional da Conservação do Solo, Gassen destaca que o agricultor que faz uso do sistema de plantio direto, rotação de cultura e adubação verde é um herói, que deve ser reconhecido pela sociedade do ponto de vista de eficiência de produção, e ao mesmo tempo, conservação dos recursos naturais. “É um herói por esforço próprio, por intelecto de ética de valor, percebendo a vantagem econômica e sem nenhuma dúvida, dos benefícios ambientais”.

Agrolink
Autor: Janice Gutjahr