quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mais fortes, geadas voltam a atingir safras do PR; preços sobem
SÃO PAULO (Reuters) - As previsões se confirmaram e as geadas voltaram a atingir as lavouras de milho e trigo do Paraná na madrugada da terça-feira (28), enquanto produtores já falam em perdas na safra de inverno, o que elevou as cotações no Estado. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Paraná, houve geadas fortes nas regiões de Toledo, Cascavel e Campo Mourão, que respondem por mais de 50 por cento da colheita de milho safrinha do Estado, tradicionalmente líder na produção do cereal.
O Deral, entretanto, diz que é cedo para quantificar as perdas, embora afirme que elas ocorreram. "Acho que o milho que tinha, cozinhou. Vai dar muito grão ardido, foi bem forte e geada", afirmou o agrônomo Juliano Alves Galvão, da Coopavel, importante cooperativa de Cascavel, no oeste do Paraná. De acordo com Galvão, deve ocorrer uma quebra de cerca de 40 por cento do milho do município.
"Igual a esta geada só a de 2000", afirmou ele, lembrando-se da quebra registrada no início da década passada. O agrônomo acrescentou ainda que, para piorar a situação, há previsão de chuva para os próximos dias. "Se chove, brota o grão dentro da espiga." A região de Cascavel responde por 15 por cento da produção de milho do Estado. Na segunda-feira, geadas já tinham atingido o Estado, onde 75 por cento da safra de milho está suscetível a perdas por geadas, segundo o Deral. "Não tem como quantificar, vamos monitorar esta semana, a geada de hoje foi mais forte e pegou trigo também", disse a agrônoma Margorete Demarchi, do Deral.
"Dependendo do estágio dentro da espiga, mesmo em fase de maturação, e dependendo da intensidade da geada, afeta a qualidade", disse ela. A agrônoma afirmou que as lavouras nos municípios de Maringá e Londrina, no norte, que juntos respondem por 20 por cento do milho do Estado, também foram atingidas pelo frio intenso.
PREÇOS
Segundo relatório da consultoria Informa Economics FNP, as comercializações no mercado físico de milho travaram neste início de semana, em função da forte geada que atingiu as áreas produtoras de milho safrinha no Paraná e na região sul do Mato Grosso do Sul, "prejudicando as lavouras que se encontravam nas fases de floração e enchimento de grãos". No Paraná, as ofertas de venda diminuíram e já existem indicações de compra entre 28 reais a saca e 28,50 reais a saca no oeste do estado, com alta de quase 4 por cento na comparação com o preço da sexta-feira.
"A atenção dos produtores locais segue voltada ao clima e preferiram se ausentar das operações. No interior paulista, não houve indicações de preço dado à ausência da ponta vendedora, mas alguns agentes do mercado já prospectam preços mais firmes no decorrer da semana", destacou a consultoria. O Paraná esperava uma produção recorde na segunda safra, de 7,4 milhões de toneladas, o que pode não mais ocorrer, contra 6,8 milhões na temporada passada --a colheita da segunda safra está em fase inicial no Estado. As geadas também atingiram algumas áreas de café no Estado.
Roberto Samora
Reuters
Preço da carne bovina pode subir mais de 30% com entressafra
A entressafra deste ano promete 'salgar' o preço da carne bovina para o consumidor sul-mato-grossense. O produto que já aponta majoração de 43,6% em um ano em Campo Grande deverá subir mais de 30% nos próximos meses. A estimativa é do analista pecuário Júlio Brissac. Ele destaca que com a chegada da entressafra a oferta de animais recua, elevando o custo para o varejo. “Devemos ter a arroba do boi ultrapassando os valores históricos do ano passado, que chegaram a casa de R$ 120”, prevê. Isso significa um acréscimo de cerca de 33,3% ao atual valor da arroba, que está em R$ 90, em Mato Grosso do Sul – acréscimo que certamente será repassado ao consumidor.
A saída diante da disparada nas cotações é variar o cardápio, incluindo mais frango e suíno na mesa. Estes dois tipos de proteína animal tiveram reajustes bem menores nos preços neste período e até queda em alguns cortes. De acordo com dados da Rural Business, o frango inteiro congelado (quilo) caiu 6,12%, a coxa e sobrecoxa subiram 1,92% e o peito 4,76%. Já entre os cortes suínos, os mais consumidos, costela e pernil, caíram 5,26% e 10,57% o quilo, respectivamente. O lombo subiu apenas 0,67%.
Levantamento
Levantamento feito pelo Nepes/Anhanguera, mostrou que cortes como o cupim, por exemplo, passaram em um ano de de R$ 9,70 para R$ 13,93 o quilo no período, na Capital. Aumento de 43,6%. A alta atingiu 13 dos 14 cortes pesquisados pela entidade e ocorreu por conta da baixa oferta de gado para o abate, que tem deixado o produto cada vez mais valorizado no mercado. A costela ripa foi outra que ficou bem salgada no último ano na cidade – subiu 29,3%. O corte, que é um dos mais consumidos entre as carnes de segunda, saltou da média de R$ 5,63 para R$ 7,28 o quilo. O lagarto inflacionou 18,08% no período, com o quilo saindo de R$ 10,67 para R$ 12,60. Outro que também apresentou alta acima dos 15% foi o patinho, cujo preço ficou 17,6% maior, passou de R$ 11,70 para R$ 13,76 o quilo. Coxão mole, peito e paleta subiram 16,48%, 16,01% e 15,57% respectivamente.
Já os cortes mais nobres não ficaram tão mais caros e, inclusive um deles registrou queda nos preços – a única verificada em toda a pesquisa. A picanha subiu apenas 5,1% (de R$ 19,77 para R$ 20,78), a segunda menor alta entre os demais e, o filé mignon ficou 0,9% mais barato, com o quilo caindo de R$ 21,06 para R$ 20,87, em média.
Correio do Estado
Inadimplentes temem não poder acessar plano safra
Este ano plano terá um total de incentivos de R$ 107,2 bilhões
Dinheiro nos bancos, mas longe do bolso dos agricultores. O plano safra deste ano vai ter um total de incentivos de R$ 107,2 bilhões. Além disso, terá novas condições de financiamento e abertura de crédito. O problema é que os produtores inadimplentes podem ter dificuldades para acessar os benefícios. Nos 500 hectares que possui em Butiá, no Rio Grande do Sul, o produtor José Almeida Vieira trabalha com pecuária e floresta. Pela dificuldade em conseguir o preço mínimo para o arroz, decidiu diminuir a produção do grão. Os juros oferecidos no plano safra deste ano, não animaram o produtor.
– Parece muito bom a primeira vista, mas detalhes desse plano, R$ 64 bilhões, de juros controlados a 6,75 e aí vem juros livres que chegam a dois por mês. Então quem trabalha a céu aberto com clima do jeito que é, anos bons, anos ruins, que é a ciclicidade do Rio Grande do Sul, eu não acredito que possa satisfazer por completo.  Os R$ 64 bilhões citados por Vieira fazem parte de um montante de R$ 80 bilhões destinados a custeio e comercialização da safra. O valor previsto para este ano, é 6% mais alto do que o oferecido em 2010. O dinheiro pode ser financiado com taxas fixas de 6,75 ao ano. Para o pecuarista, os incentivos são bem vindos, mas outros recursos seriam mais interessantes.
– A gente precisa, mas de juros compatíveis com a nossa realidade, garantia de renda, respeitar preço mínimo e também ver problemas passados, prorrogações que está se tentando fazer com o arroz, no preço que está. Como trabalhar isso, para o produtor não perder – ressalta o pecuarista. O desafio é descobrir como aproveitar os incentivos, uma vez que a oferta de crédito está aumentando, mas o acesso a ele é pequeno. De acordo com a Federasul, no ano passado boa parte dos recursos oferecidos ficaram nos bancos. Este ano o volume de sobra pode ser ainda maior.
– No ano passado sobraram R$ 40 bilhões do anunciado, então R$ 107,2 bilhões é um número que atende, não tem problema. Temos a certeza que se o setor precisar de mais, uma vez utilizado o montante, encontraremos, os bancos estão cheios e estão procurando para quem dar. Essa é a verdade só que as dificuldades para acessar o crédito são de tal ordem que nos últimos anos tenhamos sobras que a pouco comentamos os montantes – comenta o presidente da Farsul RS, Carlos Sperotto. O produtor Wilmar Conrado Klafke trabalha com lavoura de arroz há trinta anos. Em 2006 contraiu dividas em financiamentos. Hoje, tenta renegociá-las com o banco, mas já não consegue crédito. Sem dinheiro para pagar o que deve e enfrentando a baixa no preço do grão, o produtor tem receio de precisar parar de produzir.
– Eles até me prorrogam por cinco anos, só que eu tenho um determinado valor de entrada, se eu negociasse com eles, se eles me financiavam. Dentro do Banco do Brasil não. Posso tentar crédito em outras agências, o que eu acho muito difícil, porque eu estou negociando com eles e eles estão me negando de eu continuar meu trabalho, meu serviço, eu sou agricultor, eu não sei fazer outra coisa – relata.
Cristiane Viegas | Butiá (RS)
CANAL RURAL
Embargo russo agrava crise da suinocultura em Mato Grosso
Acrismat relata que setor vem operando no vermelho há seis meses
A alta dos preços dos grãos e a suspensão das compras de carnes pela Rússia e Ucrânia estão assustando os produtores de suínos mato-grossenses. Segundo a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso, (Acrismat), há seis meses o setor vem operando no vermelho, em função do descompasso entre o custo de produção e os preços recebidos na venda dos animais. O custo está estimado em R$ 2,15/quilo, enquanto o preço pago pelos frigoríficos é de R$ 1,40/quilo. O prejuízo é de 53%. A crise enfrentada pela suinocultura mato-grossense é decorrente da alta do preço do milho, que subiu 125% em relação ao ano passado. Atualmente, os criadores estão pagando R$ 18 pela saca de 60 quilos de milho, situação bem diferente do primeiro semestre do ano passado, quando o preço estava em R$ 8 a saca, valor bem abaixo do preço mínimo de garantia estipulado pelo governo federal, que na época era de R$ 13,98 a saca.
O diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, não vê solução no médio prazo, pois a carne suína vem se desvalorizando no mercado interno desde o início do ano e a tendência é de aumento da oferta e maior pressão sobre os preços, em função do embargo imposto pela Rússia, que é o principal destino das exportações. De janeiro a maio deste ano as exportações mato-grossenses de carne suína recuaram 25% em volume e 20% em faturamento, em relação a igual período do ano passado. Para contornar a situação e evitar que os prejuízos aumentem, os suinocultores vão pedir ajuda aos governos estadual e federal, como a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para as vendas interestaduais e mecanismos de apoio, como acesso ao milho dos estoques públicos e subvenção para o escoamento do produto. Segundo a Acrismat, atualmente existem 350 produtores no Estado, donos de um plantel que reúne mais de 120 mil matrizes, (leitoas reprodutivas), distribuídas em 34 municípios e que geram mais de 30 mil empregos diretos e indiretos.
Agência Estado

Geadas afetam plantação de milho e preocupam produtores em MS
Castigada pela estiagem, a safrinha de milho poderá sofrer perdas de até 10% por conta das geadas registradas esta madrugada em vários municípios na região sul do Estado. O fenômeno já era previsto pela meteorologia e afetou com mais intensidade as cidades de Dourados, Ponta Porã, Amambai, Paranhos e Tacuru, onde houve registro de temperaturas negativas. Em Dourados foram plantados 94 mil hectares de milho safrinha. Deste montante cerca de 45 mil foram fora da época recomendada para o plantio, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Estas são as lavouras que mais preocupam na avaliação da assistência técnica, já que ficaram mais tempo expostas à estiagem que ocorreu por todo o mês de maio e início de junho deste ano. Por conta da seca, a estimativa é de que haja, pelo menos, 10% de perdas nas lavouras.
Em Dourados, a intensidade da geada teve variações conforme a região do município, mas oscilou entre moderada e forte. A mínima registrada foi de 0,7ºC, considerada a temperatura mais baixa do ano. Às 7h, fazia 1,7ºC, conforme a estação meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste. Segundo especialistas, ainda não é possível medir o impacto da geada, mas o clima gera preocupação, especialmente pela previsão de nova geada na madrugada desta terça-feira. De acordo com o pesquisador da Embrapa, Ricardo Sietz, ainda não é possível verificar com muita clareza qual a intensidade da geada em Dourados. Segundo ele, o fenômeno teve formações diferentes, conforme a região do município. “Tivemos condições muito favoráveis para geada de média intensidade, como céu limpo, ausência de ventos e temperatura baixa”, explicou. Segundo ele, além de clima propício, a intensidade da geada depende de vários fatores, como topografia – já que regiões mais baixas estão mais propensas ao fenômeno.
Além de Dourados, a geada atingiu também outros municípios como Ponta Porã, Amambai, Aral Moreira, Paranhos e Tacuru. Em alguns municípios, a temperatura chegou a 1ºC negativo. Em Rio Brilhante, os termômetros marcaram 0,6ºC negativos. O engenheiro agrônomo e consultor Ângelo Ximenes explica que o impacto da geada desta segunda-feira só poderá ser avaliado no final de semana, já que há previsão de chuva intensa amanhã e quinta-feira. Para hoje, a meteorologia indica o risco de nova geada – que, se confirmada, terá impacto mais severo na produção. “Se gear novamente, o impacto será mais intenso porque a planta já estará debilitada”, disse ele. Segundo o especialistas, a geada provavelmente já provocou perdas na produção, mas o impacto ainda não foi significativo. Também há preocupação com as pastagens, que sofrem com o impacto das geadas. Com a ausência de pasto, há prejuízos na produção de carne e leite. A produção também fica mais cara, já que o pecuarista é obrigado a investir em nutrição animal.

(com informações do Dourados Agora e Diário MS)
Correio do Estado.