quinta-feira, 30 de junho de 2011

Dívidas agrícolas são prorrogadas por mais 60 dias
O governo federal prorrogou o pagamento das dívidas de crédito agrícola dos produtores familiares que têm vencimento nos próximos 60 dias. A medida foi anunciada ontem (29), em Brasília, durante uma reunião no Ministério da Fazenda entre entidades representantes dos agricultores e membros do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Casa Civil, e do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
As medidas anunciadas atenderam parte das reivindicações dos pequenos produtores, que ontem realizaram uma mobilização em Porto Alegre a fim pressionar o governo por uma solução para o problema. Cerca de 500 produtores ocuparam, pela manhã, o pátio da Receita Federal e da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). "Tivemos avanços significativos, porque até então a União sequer admitia falar em renegociação", afirmou Carlos Joel da Silva, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), que esteve à frente da manifestação. O protesto também envolveu a Via Campesina e a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf).
No encontro em Brasília, foi acertado que todas as dívidas de investimentos das safras anteriores ao período 2009-2010, com vencimento nos próximos dois meses, serão prorrogadas por 60 dias. Os agricultores terão direito de postergar o pagamento apresentando pedido aos bancos, sem necessitar de laudo técnico. Além disso, os pequenos produtores que estão nesta situação poderão acessar o Plano Safra 2011/2012, que será lançado pelo governo federal amanhã.
Também foi determinada a criação de um grupo de trabalho sobre endividamento, que deve fazer um levantamento para encontrar soluções para o problema até o dia 20 de julho. Apenas no Rio Grande do Sul, segundo a Fetag-RS, os produtores rurais possuem R$ 650 milhões em dívidas de investimentos a pagar até o final de 2011. Desse total, até R$ 400 milhões possuem vencimento para julho e agosto. Outra reivindicação atendida pelo governo foi a prorrogação concedida aos agricultores familiares dos municípios que decretaram estado de emergência por causa da estiagem em 2009, cujos contratos tinham vencimento em junho de 2011. Agora, a primeira parcela de R$ 500,00 ficou para o dia 30 de novembro, e as seguintes, no vencimento do contrato em 2012, 2013 e 2014. A resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) será publicada no Diário Oficial da União de hoje.
Jornal do Comércio
Embrapa desenvolve soja com cara de feijão
Nova variedade, que começa a ser produzida neste ano em Minas Gerais, é uma saída para vencer a resistência que muitos brasileiros têm em relação ao consumo da soja. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai colocar no mercado uma nova variedade de soja. Diferentemente da soja tradicional, de cor amarela, essa nova variedade é marrom, de uma coloração muito parecida com a do feijão carioquinha. A soja marrom chegará aos supermercados com o nome comercial Nutrisoy, e selo de identificação Soja de Minas. A grande novidade é a forma de consumo: os pesquisadores sugerem que o produto seja consumido misturado ao feijão. Essa seria uma saída para vencer a resistência que muitos brasileiros ainda têm em relação à soja, e estimular o consumo in natura da soja no Brasil.
O benefício para o consumidor é que a soja tem maior valor nutricional. O pesquisador da Embrapa Soja Vanoli Fronza diz que a soja tem quase o dobro de proteínas do que o feijão. "O feijão tem 25% de proteínas, enquanto a soja tem mais de 40%. Se você cozinhar o feijão e a soja juntos, terá um teor final de 32% de proteína, ou seja, a mistura enriquece a alimentação." Além disso, a soja tem mais cálcio do que o feijão e metade dos carboidratos. Por isso, pode ser um alimento interessante para pessoas que precisam perder peso. Vanoli também ressalta que a soja marrom tem um gosto neutro, e portanto não deve comprometer o sabor do feijão. Os pesquisadores realizaram testes de degustação em Minas Gerais com 800 pessoas. 80% dos entrevistados aprovaram a nova soja, e disseram que estariam dispostos a comprar o produto.
Biotecnologia
A nova variedade de soja foi obtida pelo trabalho de seleção e melhoramento de sementes. "Muita gente confunde seleção com transgênicos, mas não é a mesma coisa", diz Fronza. O pesquisador diz que a pesquisa é um trabalho tradicional de biotecnologia. "O que nós fizemos foi o melhoramento convencional da soja. Entre as muitas variedades existentes, nós encontramos os grãos marrons e começamos a cruzar e selecionar, até conseguir as sementes com essas propriedades", diz. Se fosse transgênica, os pesquisadores teriam modificado os genes da soja. A pesquisa contou com o apoio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), da Fundação Triângulo, e de 16 empresas produtoras de semente de Minas Gerais e do norte de São Paulo. Essas empresas terão, inicialmente, exclusividade no uso comercial do produto. "Alguns produtores já plantaram a soja marrom na safra 2010/2011, mas a produção ainda está no início. O acesso amplo deve ocorrer em um futuro próximo", diz Fronza.
Revista Época
Plano Safra da Agricultura Familiar será lançado no Paraná
O Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012 será lançado nesta sexta-feira (1), em Francisco Beltrão, na região Sudoeste do Estado, pela presidente Dilma Rousseff. É a primeira vez que o anúncio será realizado fora de Brasília, e também a primeira visita oficial da presidente ao Paraná, desde que assumiu o cargo. O governo federal vai disponibilizar até R$ 16 bilhões pelo Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. O governador Beto Richa acompanha a solenidade, que vai acontecer no Paraná porque, segundo dados do Ipardes, 81,6% dos 371.051 estabelecimentos agropecuários existentes no Estado se enquadram na categoria de agricultura familiar. Na região Sudoeste estão 89% dessas propriedades, de acordo com a superintendência estadual do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O plano nacional trará mudanças significativas, como a simplificação das operações de crédito rural para a safra que começa em julho, com redução dos juros de 4,5% para 2% nos financiamentos para investimentos. Nas operações até o valor de R$ 10 mil a taxa de juros cai mais ainda, para 1%. O plano também contempla a ampliação do limite de financiamento para até R$ 130 mil; elevação do limite de financiamento do Pronaf B de R$ 2 mil para R$ 2,5 mil; ampliação da cobertura de renda do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) de R$ 3,5 mil para R$ 4 mil; aporte de R$ 127 milhões para Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). Outras novidades são a criação de uma ação específica do Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) para a agricultura familiar e a unificação das normas do Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), que permite a ampliação da área de comercialização para os agricultores familiares.
O aporte de recursos para Ater prevê um reforço para a juventude rural, para fortalecer o cooperativismo para a agricultura familiar. O aumento no limite de investimentos também vai incrementar o atendimento à agroecologia e agroindústrias. Além disso, o novo plano prevê a criação de uma superintendência da Caixa Econômica Federal para avaliar e acompanhar projetos de habitação rural. Também vai intensificar o combate à pobreza no campo por meio do PAA – Programa de Aquisição de Alimentos – e PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar, de compra da merenda escolar. Esses programas vão comprar produtos da agricultura familiar, principalmente dos produtores mais pobres, para fortalecer a geração de renda para esses agricultores.
A solenidade de lançamento está marcada para as 14 horas, com as presenças do secretário estadual de Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, do ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence e a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. GOVERNADOR – Antes do lançamento do Plano Safra, às 11 horas, o governador Beto Richa visita a Via Tecnológica do Leite, evento que visa promover a criação de gado leiteiro e a produção de leite no Sudoeste do Paraná. A região já abriga uma das maiores bacias leiteiras do Estado, produzindo cerca de 533 milhões de leite por ano. Durante a visita, o governador anuncia a criação do Centro Estadual de Educação Profissionalizante (CEEP) do Sudoeste, que receberá investimentos de R$ 9,5 milhões e é uma das cinco instituições do gênero a serem implantadas pelo governo no Estado.
Agência Estadual de Notícias - Paraná