sexta-feira, 27 de maio de 2011

Embrapa desenvolve cana-de-açúcar tolerante à seca
As primeiras plantas transgênicas resistentes podem ser uma alternativa para o setor sucroalcooleiro, já que as perdas nos canaviais em decorrência da seca variam entre 10% a 50%
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu as primeiras plantas transgênicas de cana-de-açúcar tolerantes à seca. A descoberta é importante para o setor, já que as perdas nos canaviais podem variar entre 10% e 50% em decorrência da seca, dependendo da região e da época de plantio. Atualmente, ainda não existe variedade de cana-de-açúcar transgênica comercial. A planta desenvolvida pela Embrapa tem grande potencial para aumentar produção física de cana e de seus derivados, como o etanol. As plantas foram selecionadas em laboratório e nos próximos três meses estarão em estágio de multiplicação in vitro para serem avaliadas em casa de vegetação (estufas usadas na produção de plantas para fins comerciais ou de pesquisa). Até maio de 2012, serão avaliadas quanto às características de tolerância à seca. Após estes processos, as plantas que apresentarem melhor desempenho terão potencial de avaliação a campo, mediante aprovação junto ao Comitê Técnico Nacional de Biossegurança (CTNBio).
As pesquisas com transgenia em cana-de-açúcar vêm sendo desenvolvidas, desde 2008, sob a coordenação do pesquisador Hugo Bruno Correa Molinari, da Embrapa Agroenergia (Brasília/DF). O trabalho  conta com o apoio de laboratórios da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília/DF), que possuem características exigidas pelas normas da CTNBio para estudos com organismos geneticamente modificados. A pesquisa também tem o apoio da Japan Internacional Research Center for Agricultural Sciences (Jircas), empresa de pesquisa vinculada ao governo japonês. O objetivo é desenvolver cultivares comerciais com maior tolerância à seca, o que poderá potencializar o setor sucroalcooleiro nas áreas tradicionais e de expansão da cultura. De forma geral, as áreas de expansão têm como características solos com baixa fertilidade, altas temperaturas e baixa precipitação pluviométrica.
Da Assessoria: Daniela Colares, da Embrapa Agroenergia



Sai lista de frigoríficos aptos a exportar para a China
Administração-Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena publicou os nomes das três primeiras indústrias que poderão vender o produto ao país asiático
A Administração-Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China publicou, nesta quinta-feira, 26 de maio, a lista dos primeiros frigoríficos brasileiros autorizados a exportar carne para o país asiático. São três indústrias localizadas nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. O governo chinês anunciou, em abril, a abertura do mercado para o produto do Brasil durante visita da presidenta Dilma Rousseff a Pequim. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, integrou a comitiva presidencial. Nos próximos dias, os governos do Brasil e da China vão fechar os termos do certificado sanitário que contém os requisitos para o início dos embarques da carne suína nacional. “Enquanto isso, o setor privado já está programando a produção de acordo com as exigências chinesas”, informa o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Luiz Carlos Oliveira, que também participou da missão a Pequim em abril.
Nesta semana, Oliveira se reuniu com representantes da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). No encontro, foram acertados os requisitos específicos do mercado chinês, que envolvem determinado tipo de animal e ração e o modo de criação do rebanho, por exemplo, a serem utilizados para atender o país asiático. Durante a visita da presidenta Dilma Rousseff a Pequim, os chineses também anunciaram a aprovação de mais 25 frigoríficos brasileiros habilitados a vender carne de frango e outros cinco de carne bovina. Houve, ainda, avanços nas negociações para início dos embarques de tabaco (proveniente dos estados de Alagoas e Bahia), gelatina, citros, sêmen e embriões de bovinos.
Comércio bilateral
Desde 2008, a China é o principal comprador de produtos agropecuários brasileiros. Nos últimos três anos, as exportações brasileiras para a China cresceram 214%, passando de US$ 3,5 bilhões, em 2007, para US$ 11 bilhões em 2010. O complexo soja (óleo, grão e farelo) lidera as compras chinesas, com US$ 7,9 bilhões ou 20 milhões de toneladas. Dos três subprodutos, o grão representa a maior parcela das importações – US$ 7,1 bilhões. O Brasil também exporta para a China produtos florestais (madeira, cortiça, celulose e subprodutos), totalizando US$ 1,28 bilhão. O valor total das exportações do complexo sucroalcooleiro, que compreende açúcar e etanol, é de US$ 514,77 milhões, sendo US$ 514,76 milhões referentes à importação de açúcar. A China também importa carne bovina e de frango do Brasil. No ano passado, as importações dos produtos renderam US$ 225,6 milhões, dos quais US$ 219,6 milhões referem-se à carne de frango. Em 2010, o Brasil foi o principal fornecedor de carne de aves para os chineses.
Laila Muniz
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


Próxima safra terá R$ 107 bilhões
Wagner Rossi anuncia incremento de 7% nos recursos a serem oferecidos aos produtores no Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012
São Paulo (SP) - O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, anunciou nesta quinta-feira, 26 de maio, que o governo colocará R$ 107 bilhões à disposição dos produtores rurais para a safra 2011/2012. “É um aumento de 7% em relação ao Plano Agrícola passado. São recursos que darão o suporte necessário para mantermos um protagonismo no mercado mundial de alimentos", disse. Rossi fez o anúncio em São Paulo, durante a abertura do Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2011 e 2012, promovido por BM&F Bovespa e Ministério da Agricultura. O ministro fez um balanço da agricultura brasileira e ressaltou as sucessivas quebras de recorde de produção de grãos. "Para a próxima safra, o Brasil vai colher mais de 160 milhões de toneladas de grãos", disse. "A agricultura empresarial e familiar terá à disposição R$ 123 bilhões", completou. O anúncio do Plano Agrícola e Pecuário 2011/12 está previsto para junho, em data a ser definida pelo ministro e a presidenta Dilma Roussef, provavelmente antes da reunião dos ministros da Agricultura do G-20, a ser realizada em Paris, a partir de 21 de junho.
Cana-de-açúcar
Durante o seminário, Rossi confirmou, entre as medidas do plano, a criação de uma linha de crédito para financiar a renovação das plantações de cana-de-açúcar. "Isso é importante para garantir competitividade e ganhos de produtividade do setor", comentou. Ele também anunciou recursos de estímulo à pecuária. “O produtor precisa de condições especiais de financiamento, que permitam a retenção e a compra de matrizes”, disse o ministro. Rossi destacou que, no passado recente, na média nacional, um terço das vacas foram abatidas. "Isso garantiu rentabilidade no curto prazo, mas trouxe riscos para o produtor no médio e longo prazos", admitiu. O ministro da Agricultura comentou que o plano safra prevê crédito para projetos agropecuários destinados à recuperação de pastagens degradadas. "O Programa Agricultura de Baixo Carbono tem como meta recuperar, em dez anos, 30 milhões de hectares de áreas degradadas", disse. O objetivo é garantir ganhos de produtividade com a mitigação da emissão de gases de efeito estufa, garantindo o cumprimento das metas fechadas pelo Brasil em Copenhagen.
"Poucos países do mundo têm condições de aumentar a produção de alimentos sem comprometer seus recursos naturais. O Brasil está na vanguarda em projetos agropecuários sustentáveis", disse Wagner Rossi. Ele ressaltou que o país tem condições de ampliar as exportações, garantir o abastecimento interno, conciliando o aumento da produção de grãos e de proteína com a preservação do meio ambiente. A redução da emissão dos gases de efeito estufa é um dos principais objetivos do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado pelo governo em julho de 2010, e está no centro estratégico do novo Plano Agrícola e Pecuário. O Programa ABC vai englobar todas as iniciativas do governo para estimular a produção sustentável, como o Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável (Produsa) e o Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora).
Saiba mais
Plano Agrícola e Pecuário (PAP) – Principal pacote de medidas do governo federal para incentivar a produção agropecuária. Lançado antes do início de cada safra, o plano inclui crédito para custeio, investimento, comercialização e subvenção ao seguro. As linhas de financiamento são elaboradas com condições facilitadas para o produtor, incluindo taxas de juros mais baixas que as praticadas no mercado. O plano também prevê os preços mínimos para mais de 40 produtos agropecuários. Esses valores fazem parte da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) gerenciada pelo governo federal para dar garanti a de renda mínima ao produtor. Programa ABC – O Programa Agricultura de Baixo Carbono foi instituído em junho de 2010 para incentivar o uso de práticas no campo que tragam maior eficiência e permitam a redução da emissão dos gases de efeito estufa. O programa previa, na safra passada, R$ 2 bilhões a taxas de juros de 5,5% ao ano para o produtor investir em técnicas como plantio direto na palha, recuperação de áreas degradadas, projetos de integração lavoura-pecuária-floresta e plantio de florestas comerciais. A linha central da iniciativa é garantir mais renda ao produtor e preservação do meio ambiente.
Olímpio Cruz Neto
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Problemas com preço do etanol na entressafra continuarão nos próximos anos
Rio de Janeiro – A falta de incentivos poderá fazer com que o país enfrente nos próximos anos problemas no abastecimento de etanol durante o período de entressafra da cana-de-açúcar. A previsão é do diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues. "Não haverá nada de diferente do que ocorre hoje, e os problemas de estoque e de alta nos preços do etanol continuarão a ocorrer nos períodos de entressafra. Se não houver incentivos, ficaremos na mesmice de hoje, pelo menos, até 2015. Certamente não haverá oferta para atender a demanda", disse.
Pádua defendeu o controle do consumo do produto no período da safra e a formação de estoques reguladores, como forma de diminuir os problemas de abastecimento e a alta do preço do etanol nos períodos de entressafra. “A falta de investimentos no setor nos últimos anos para aumentar a oferta de etanol, de maneira que a produção acompanhasse o crescimento da demanda a partir de 2008, vai levar a uma situação nos próximos três anos em que o crescimento da oferta não será suficiente para fazer frente ao avanço esperado para a demanda”, afirmou.
Na avaliação do diretor da Unica, é necessário que o governo desenvolva um planejamento para controlar o consumo no período da safra e incentive a formação de estoques para viabilizar o abastecimento em níveis satisfatórios durante a escassez do produto. "Esse é um mecanismo que visa a amenizar e não resolver o problema, uma vez que a demanda continuará a ser maior que a oferta, mas não há outro jeito. Contraindo a demanda na safra, evitando que os preços caiam muito neste período, dará maior disponibilidade do produto na entressafra".
Segundo Pádua, entre 2005 e 2008, o volume de investimentos em novas usinas de etanol girou em torno dos US$ 60 bilhões. “Desde então os investimentos têm sido escassos, uma vez que não há garantia de rentabilidade. E investidor não bota milhões em projetos para produzir etanol se não houver garantia de retorno do que foi investido. É o mercado, sem garantia de rentabilidade não haverá recursos”.
O diretor criticou, ainda, a política de preços imposta pelo governo à Petrobras e que vem afetando diretamente o setor sucroalcooleiro, uma vez que os custos do setor continuam a subir enquanto o governo mantém comprimido os preços da gasolina nas refinarias a vários anos. “O produtor tem que repassar seus custos que são cada vez mais crescentes quase que diariamente, e são custos variados que vão desde a mão de obra à energia que é utilizada na fase de produção. Enquanto isso, a gasolina fica com o preço estabilizado nas refinarias da Petrobras por um tempo longo de mais”, disse.  Antônio de Pádua Rodrigues nesta quinta-feira (26) de seminário promovido pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), no Rio de Janeiro.
Nielmar de Oliveira
Agência Brasil

Ministro do MDA diz que o Código Florestal aprovado na Câmara é bom
Brasília - O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Afonso Florence, elogiou ontem (26), no Senado, o texto do Código Florestal Brasileiro aprovado na última terça-feira (24) pela Câmara dos Deputados. Florence ressaltou a importância de a União ter a prerrogativa para definir a legislação ambiental, mas criticou a inclusão da emenda 164, que permite consolidar áreas de preservação permanente (APPs) desmatadas até que haja regulamentação definitiva. Florence argumentou ainda que, se os estados puderem criar as próprias legislações ambientais, como ocorre atualmente com alguns impostos, há o risco de uma “guerra ambiental”.
“Entendemos que não é necessária a emenda 164 e que temos condições de ter precaução ambiental, segurança jurídica e continuidade da produção com a preservação da prerrogativa do governo federal de estabelecer as regras e, com isso, evitar que os estados criem leis que incentivem a competição entre eles”. “No fundamental, o substitutivo nos contempla, mas entendemos que é conveniente que a União tenha a prerrogativa de estabelecer os parâmetros nacionais, por meio dos quais estados e municípios regularão a aplicação nos seus estados”, acrescentou.Perguntado sobre a possibilidade de o Senado alterar o projeto aprovado na Câmara, o ministro foi diplomático. “O Senado tem prerrogativa para sugerir emendas. Agora, estamos contemplados pela posição que foi aprovada na primeira votação na Câmara.”
Ivan Richard
Agência Brasil