segunda-feira, 9 de maio de 2011

Exportação de máquina agrícola pode cair 30% em 2011
Balança comercial deste ano já soma rombo de US$ 245 mi; bloqueio argentino preocupa setor
Cerca de 800 colheitadeiras e 1,7 mil tratores produzidos no Brasil nos quatro primeiros meses deixaram de entrar na Argentina, segundo AnfaveaRibeirão Preto - O bloqueio argentino às exportações brasileiras de máquinas agrícolas gerou um rombo de ao menos US$ 245 milhões na balança comercial nos quatro primeiros meses de 2011 e pode derrubar as exportações do setor em até 30% em 2011, segundo avaliação da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). ''Desde o início do ano a Argentina descumpre completamente o acordo que prevê o livre comércio de máquinas com o Brasil'', disse Milton Rego, vice-presidente da Anfavea e executivo da Case IH, braço agrícola do Grupo Fiat. Segundo ele, cerca de 800 colheitadeiras e 1.700 tratores produzidos no Brasil nos quatro primeiros meses deixaram de entrar na Argentina. Apenas uma pequena carga de 150 colheitadeiras da John Deere produzidas no Rio Grande do Sul conseguiu ser exportada para o país vizinho, mesmo assim por conta de licenças já obtidas pela montadora anteriormente.
Rego, que participou da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), lembra que semanalmente a Anfavea cobra o governo brasileiro em relação a uma solução do impasse e ao menos a cada dois meses um grupo bilateral discute o assunto, mas nada foi resolvido. ''Se esse cenário persistir, as exportações de máquinas agrícolas brasileiras, que já devem cair entre 5% e 10% em 2011 ante as quase 19 mil unidades de 2010, podem apresentar um recuo para mais de 30%, que é o tamanho da fatia argentina nas vendas externas'', avaliou o executivo. O mercado argentino consome cerca de 1.500 colheitadeiras e 6 mil tratores anualmente e 80% desse total é produzido no Brasil. O argumento do governo argentino para barrar a entrada de máquinas brasileiras é a exigência de um equilíbrio no comércio exterior entre os dois países, o que é difícil, já que a Argentina começa agora a modernização desse setor produtivo. Curiosamente, ao contrário das expectativas, as exportações brasileiras de máquinas agrícolas saltaram 32,3% nos primeiros três meses de 2011 ante igual período de 2010, de acordo com os números mais recentes da Anfavea, de 3.153 unidades para 4.172 unidades.
 ''Isso é um reflexo de contratos feitos por uma ou outra empresa, mas nossa previsão de queda nas exportações está mantida'', disse Rego. ''As máquinas que deveriam ir para a Argentina ao menos foram comercializadas para o Paraguai e o Uruguai, mas isso não vai se manter'', completou. Ainda de acordo com o vice-presidente da Anfavea, a perda de competitividade brasileira, com a desvalorização do dólar e o aumento nos custos - o aço vendido no País é mais caro do que o importado, por exemplo - impedem o escoamento dessas máquinas para outros mercados. Nos próximos dias, a Anfavea deve entregar ao governo um estudo sobre a perda de competitividade brasileira no setor automotivo, que atinge principalmente os veículos de passeio.
Gustavo Porto
Agência Estado
Oleoginosa estimula estudo de produção de biodiesel
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou que a safra nacional 2010/11 de canola deverá crescer 65% em comparação ao ano passado, produzindo 70 mil toneladas do grão. De acordo com o informe divulgado pelo Ministério da Agricultura, o aumento das pesquisas voltadas para a produção de biodiesel foram um dos fatores que mais contribuiram para esse crescimento, fomentadas principalmente pelo Programa Nacional de Uso e Produção de Biodiesel (PNB). Na unidade Agroenergia da Embrapa, pesquisadores já trabalham com diversas oleaginosas, entre elas a canola. Segundo informações da entidade, são realizadas análises que buscam o desenvolvimento de plantas com maior acúmulo de energia por hectare, o que garante mais rendimento para produção de óleo.
Fomento
A BSBios, empresa que produz biodiesel, com sede em Passo Fundo (RS) e filial em Marialva, região noroeste do Paraná, também tem fomentado a produção de canola e incentivado pesquisas na área. Segundo informações da assessoria da unidade local, a empresa ainda não usa a canola como matéria-prima para a produção de biodiesel. Porém, conta com um departamento de fomento voltado para pesquisas para melhorias tecnológicas no manejo e condução técnica da cultura. A canola, conforme confirma a BSBios, é uma opção viável, rentável e que garante mais segurança no inverno para o produtor. A BSBios Marialva, conforme a assessoria, é responsável por toda a tecnologia da canola utilizada no Brasil, proveniente do Canadá e Austrália. Em conjunto com a Embrapa e com o Ministério da Agricultura ajudou a implantar o zoneamento agroclimático, cujo benefício para o produtor se dá principalmente na hora de acessar as políticas de crédito e seguro agrícola. (R.M.)
Folha de Londrina

Legislação ambiental brasileira é uma das mais modernas do mundo, diz especialista
A legislação ambiental brasileira é uma das mais avançadas do mundo. Todas as ações e atividades que são consideradas como crimes ambientais podem ser punidas com multas, seja para pessoas físicas ou jurídicas. O valor pode chegar R$ 50 mil. De acordo com advogado José Gustavo de Oliveira Franco, especialista em direito ambiental, a estrutura da legislação ambiental começou a ser implementada no país a partir de 1981 com a Politica Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938), que tem uma série de instrumentos para o planejamento, a gestão ambiental e a fiscalização. Com o passar do tempo a legislação se consolidou. “Temos a criação de normas, como a própria Lei de Crimes Ambientais e o decreto que a regulamenta, que estabelece as infrações administrativas e permite um acompanhamento do poder público das questões ambientais e a garantia da qualidade do meio ambiente."
A Constituição Federal trata de forma abrangente os assuntos ambientais, reservando à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios a tarefa de proteger o meio ambiente e de controlar a poluição.“A Constituição Federal de 88 traz uma previsão, como base de todo este sistema de garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado, e estabelece condições ao próprio poder público para que ele implemente e garanta estas condições . Recentemente, mais focado na questão de resíduos sólidos, nós temos a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o decreto que a regulamenta", explica Franco. A Lei de Crimes Ambientais reordenou a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. Franco acrescenta que a própria questão de lançar resíduos sólidos nas praias e no mar - ou em qualquer outro recurso hídrico - passou a ser uma infração. A previsão foi incluída no Decreto 6.514, de 2008, que deu nova regulamentação à Lei de Crimes Ambientais na parte de infrações e de sanções administrativas, substituindo e revogando o Decreto 3.179, de 1999.
Para o coordenador do Núcleo de Educação Ambiental do Prevfogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Genebaldo Freire, a velocidade para que as políticas sejam implementadas tem que ser aumentada, mas a mentalidade mudou. “Muitos países não têm uma Política Nacional de Resíduos Sólidos e nós já temos. É uma conquista. Há vinte anos você era rotulado de ecochato, biodesagradável, anarquista e, hoje, você tem políticas voltadas para isso."
Ana Lúcia Caldas
Agência Brasil