segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ritmo de negócios para produtores brasileiros de soja segue lento, diz Cepea
Segundo pesquisadores, comercialização do grão envolve apenas pequenos lotes
Produtores brasileiros de soja não têm mostrado interesse em novas negociações, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), visto que estão aguardando valorizações do produto para voltar a negociar. Com isso, nos portos, a comercialização segue lenta, deixando o mercado praticamente nominal. Os poucos fechamentos envolvem apenas pequenos lotes. Entre 10 e 17 de junho, o Indicador Esalq/BM&FBovespa para o produto transferido no porto de Paranaguá, no Paraná, recuou 1,46%, fechando a US$ 29,74 por saca de 60 quilos na sexta, em moeda nacional, o Indicador teve baixa de 1,45%, a R$ 47,5 por saca. Quanto à média ponderada das regiões do PR, refletida no Indicador Cepea/Esalq, observou-se queda de 1,42% entre 10 e 17 de junho, fechando a R$ 45,04 por saca.
Fonte: Cepea/Esalq
  
Estudo da Embrapa alerta para impacto do aquecimento global na agricultura brasileira
Pesquisa mostra que é preciso agir de forma incisiva para reduzir prejuízos ambientais e econômicos nas próximas décadas
Um alerta para o futuro. Assim os autores de um estudo feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), encaram os resultados da projeção que aponta estimativas do impacto causado pelo aquecimento global na agricultura brasileira até o final deste século.Trabalhando com dois cenários, um pessimista, em que temperatura aumenta de 2°C a 5,4°C até 2100, e outro otimista, com alta variando entre 1,4°C e 3,8°C no mesmo período, a pesquisa mostra que é preciso agir de forma incisiva para reduzir prejuízos ambientais e econômicos nas próximas décadas. Considerando apenas as safras de grãos, as perdas podem ficar em torno de R$ 7,4 bilhões já em 2020.
– A proposta é que o mundo todo se mobilize e comece a reduzir as emissões de gás carbônico. Estimativas mostram que as emissões chegaram a 30,6 gigatoneladas de CO2 no ano passado. Se chegarmos a 32 gigatoneladas, estaremos muito próximos do teto de aumento de 2°C que estamos querendo evitar. Em termos científicos, não sabemos o que pode acontecer quando chegarmos nesse limiar – afirma o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental e um dos coordenadores do estudo Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira, Eduardo Delgado Assad. Baseando-se no aumento de temperatura previsto pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), os pesquisadores chegaram à estimativa de que existe o risco de ocorrer uma grande redução na área apta ao plantio em todo o país caso os níveis de emissão se mantenham ou não sejam suficientemente diminuídos. A outra consequência seria a migração de culturas de uma região para outra.
– Nunca falamos em previsão. O modelo não prevê, ele projeta o futuro em um cenário. São cenários irreais, baseados no desenvolvimento da sociedade, no que pode ocorrer ou não. Se a sociedade se comportar de determinado jeito, o modelo pode ser melhor. Ou pior – explica o engenheiro florestal agrometeorologista e pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Giampaolo Queiroz Pellegrino. Pellegrino ressalta que as estimativas da pesquisa consideram apenas as variedades existentes atualmente, sem levar em conta novas variações genéticas. Conforme o pesquisador, a região Sul do Brasil poderá ter 39% do total de sua área apto para o plantio da cana-de-açúcar já em 2020. Em 2070, o percentual pode atingir 93%.

O chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pillon, acredita que canaviais acabarão se espalhando por diferentes recantos do Rio Grande do Sul. Ele aposta que a cana será a cultura com maior crescimento na região nos próximos anos.
– O Rio Grande do Sul precisa de 400 mil hectares de cana para ser autossuficiente na demanda pelo etanol. Hoje, temos apenas 37 mil hectares plantados – avalia Pillon. À cana, pode se somar um aumento no cultivo de frutas cítricas, como a laranja e a tangerina, e tropicais, como o mamão e a manga. Maçãs, peras e pêssegos poderão ser afetados pelo aumento das mínimas, já que precisam de um número determinado de horas de frio. Para o superintendente do Ares Instituto para o Agronegócio Responsável, Ocimar Villela, o impacto de uma possível elevação da temperatura na cultura da soja será minimizado pelos avanços nas pesquisas de novas variedades mais resistentes ao calor. Villela defende que o tema do aquecimento seja debatido de uma maneira mais abrangente e acessível a diferentes segmentos da sociedade.– É bem claro que diminuiu drasticamente o desmatamento na Amazônia. E isso tem grande influência nos fenômenos climáticos que atingem a região Sul. O setor produtivo não concorda, por exemplo, com os recentes desmatamentos ilegais que ocorreram no Mato Grosso. Estivemos na Inglaterra recentemente para ver o que está sendo feito lá em relação às mudanças climáticas, e ficamos bem impressionados com o comprometimento de produtores, pesquisadores e governo – afirma.
Produção agrícola na região Sul do país
Se as previsões dos cientistas climáticos partidários do aquecimento global se confirmarem, e a temperatura da terra subir 3ºC ao longo das próximas décadas, a produção agrícola da região sul do Brasil ficará bem diferente. Ao lado das extensas plantações de soja, milho e arroz que atualmente rasgam o sul do Brasil de um extremo ao outro, pés de café e canaviais, aos poucos, poderão ganhar espaço. Baseado em estimativas de elevação da temperatura ao longo deste século, motivadas pelo aquecimento global, um novo mapa da agricultura brasileira está sendo desenhado. E o rascunho do futuro mostra alterações consideráveis na geografia da produção de alimentos no país se não forem tomadas medidas imediatas. No que toca à região Sul, pesquisas apontam que poderá haver diminuição da área produtiva e uma migração do que se tem atualmente como culturas características de Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ao mesmo tempo, os três Estados possivelmente passarão a produzir alimentos, atualmente, mais restritos a São Paulo e Minas Gerais.
Considerando cenários em que haja um incremento entre 1,4ºC e 5,4ºC nas mínimas e máximas até 2100, pode-se dizer, por exemplo, que o extremo norte do RS e o oeste de SC se transformariam em terra fértil para cafezais. O
aumento na mínima corresponde à redução da possibilidade de geada, fenômeno fatal para as plantações de café. Entre as culturas que sofrerão as piores consequências das mudanças, a mais atingida será a de soja. Levando em conta todo o país, o prejuízo causado pela elevação da temperatura à produção do grão pode chegar a R$ 7,6 bilhões por ano em 2070, na avaliação mais pessimista. Além de buscar variedades que se adaptem às mudanças, o agronegócio brasileiro terá de se preocupar em aplicar novas formas de cultivo que causem menos impacto ambiental.
 Zero Hora
Agricultura discute o Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural realiza nesta terça-feira (21) audiência pública para discutir o Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012. O debate foi proposto pelo deputado Zé Silva (PDT-MG). Lançado na última sexta-feira (17) em Ribeirão Preto (SP) pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, o plano alcança o valor recorde de R$ 107,2 bilhões direcionados à agricultura comercial, com novas linhas de crédito específicas para compra de matrizes e reprodutores bovinos e renovação e expansão de canaviais.
Agência Câmara de Notícias
Empregados da Embrapa iniciam paralisação de três dias
Brasília - Trabalhadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) decidiram paralisar as atividades por três dias a partir de hoje (20). As principais reivindicações são reajuste salarial com ganho real de 6,55%, revisão do Plano de Cargos da Embrapa (PCE) e isonomia de benefícios. A ação é orientada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf). “Queremos que a diretoria tome uma postura e passe a negociar de forma efetiva”, disse o presidente do Sinpaf, Cassio Curi. Os empregados da Embrapa entregam ainda hoje ao secretário executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, as principais propostas do Acordo Coletivo de Trabalho 2011-2012. A diretoria de Administração e Finanças, Vânia Castiglioni, participa de uma reunião para tratar da paralisação e deve se pronunciar durante a tarde.
Da Agência Brasil