quinta-feira, 7 de julho de 2011

Agronegócio perde R$ 1,2 bilhão
Prejuízo da geada e da seca chega a 34% no milho e a 8% no trigo. Renda anual do setor deve ser reduzida em 4,5% pelo impacto também nas pastagens, cafezais e outros cultivos
 As duas geadas da semana passada e a estiagem de maio provocaram estrago avaliado em R$ 1,2 bilhão no milho e no trigo no Paraná, conforme levantamento divulgado ontem pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Os dados não incluem as geadas desta semana e são preliminares (podem ter ajustes). Se consideradas todas as culturas, as perdas, concentradas nas regiões Oeste e Norte, podem passar de R$ 2 bilhões, avaliam técnicos e produtores. O maior prejuízo foi verificado no milho. As cotações em alta estimularam aumento de 27% no plantio, que somou 1,7 milhão de hectares. Mas a previsão de colheita teve de ser reduzida de 8,12 milhões para 5,31 milhões de toneladas, com perda de 34,6% – sendo 8,4 pontos atribuídos à falta de chuva e 26,2 à geada. A diferença é de 2,81 milhões de toneladas ou 46,8 milhões de sacas, que poderiam render R$ 1,11 bilhão aos produtores.
O trigo paranaense, que teve área reduzida em 12% (para 1,02 milhão de hectares), renderia 2,86 milhões de toneladas, mas deve se limitar a 2,61 milhões. Houve quebra de 8,7%. São 2 pontos da seca e o restante das geadas. As 250 mil toneladas que deixarão de ser colhidas poderiam render R$ 111 milhões, estima o Deral. Desde que a notícia da quebra provocada pelas geadas se espalhou, há uma semana, as cotações subiram 0,74% e 1,37%, respectivamente, no estado. O milho estava cotado ontem a R$ 23,94 (saca de 60 quilos), valor 83% superior ao de julho do ano passado, enquanto o trigo alcançava R$ 26,73, com alta de 20,25% em um ano.
“O principal problema foram as geadas dos dias 27 e 28 de junho. Nesta semana, as ocorrências têm sido mais fracas e, por enquanto, não temos relatos de perdas expressivas”, disse o economista do Deral Marcelo Garrido. As geadas atingiram ainda pastagens, cafezais, hortas, pomares e mandiocais. Se chegarem a R$ 2 bilhões, vão representar um rombo de 4,5% sobre a renda total do setor, isso tomando como referência o Valor Bruto da Produção (VBP) de 2010 (R$ 44,1 bilhões), que foi recorde. Conforme a Seab, trata-se da maior perda desde 2000/01, quando o frio comprometeu mais da metade da produção de milho. A última quebra ocorreu em 2007/08 e foi de 15,1%. O clima vinha favorecendo a produção desde o início da safra 2010/11. A quebra ocorre após um período de otimismo e bons resultados em relação à produção e aos preços, avaliou o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Ele acredita que a indústria da carne pode ter de importar milho neste ano.
Os produtores correm o risco de ficar sem milho para honrar as vendas antecipadas. Jurandir Alexandre Lamb, que tem 170 hectares plantados em Toledo (Sudoeste), estima que a produção vai render 25% do potencial de 6,5 t/ha, justamente a proporção que ele precisa para cumprir seus compromissos contratuais. “Parte da safra foi vendida por contrato de opção (pelo qual o produtor opta por entregar o produto ou pagar uma espécie de multa) e outra parte com exigência de entrega. Preciso colher o que for possível para cumprir todas as vendas.” Lamb pondera que as perdas só serão conhecidas com exatidão em agosto. A seca atrasou o desenvolvimento do cereal, que ficou mais tempo frágil para a ocorrência de geadas. “É a natureza, não há o que fazer”, lamenta. No trigo, ocorre o inverso: quanto mais adiantada a plantação, maior o prejuízo. Mesmo assim, nos Campos Gerais, onde a lavoura tem apenas entre 30 e 40 dias, as perdas se aproximam de 10%, afirma o triticultor Willem Bauwman, de Castro, que planta o cereal em 1 mil hectares. “Uma geada fraca seria até positiva para a formação de cachos. O problema é que a temperatura chegou a 4 graus negativos dia 28”, relata.
José Rocher
Gazeta do povo 

Conab divulga levantamento desatualizado
Folhapress
Sem considerar as perdas provocadas pelas geadas há uma semana, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou ontem que a safra 2010/11 será 8,6% maior que a da temporada anterior. Com base em consulta realizada três semanas atrás, o relatório diz que a produção brasileira de grãos vai atingir 162 milhões de toneladas. A Conab considera que a área plantada das 14 principais culturas teve crescimento de 4,4%, passando de 47,4 milhões para 49,5 milhões de hectares. Os principais responsáveis pelo resultado foram soja, milho, algodão, feijão e arroz. O algodão teve o maior crescimento (66,4%), alcançando 1,39 milhão de hectares. A produção total deve chegar a 2 milhões de toneladas de pluma. A produção de soja deve se confirmar como a maior da história: 75 milhões de toneladas. Isso representa uma alta de 9,2% em comparação com a safra 2009/2010. A área plantada da oleaginosa também cresceu: 2,9%, chegando a 24,1 milhões de hectares. Para o milho, a Conab mantém previsão de 57,1 milhões de toneladas, que somam as safras de inverno e verão. Para o trigo, calcula-se queda de 7,3% – para 5,4 milhões de toneladas – por causa da seca de maio e da redução de 3,3% na área plantada (para 2 milhões de hectares).

Rússia dará resposta sobre embargo a frigoríficos brasileiros em 15 dias
Brasília – O Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) pediu 15 dias para se manifestar sobre a última negociação para acabar com o embargo às exportações de carne de 85 frigoríficos do Paraná, Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. Desde segunda-feira (4), missão brasileira comandada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, manteve, em Moscou, reuniões com autoridades russas para tentar reverter a situação de embargo, em vigor desde 15 de junho. “O Brasil respondeu a todos os questionamentos e os russos, de posse das informações, pediram 15 dias para nos dar um retorno”, informou o Ministério da Agricultura.
No final da semana passada, o ministro Wagner Rossi já havia adiantado que, dos 210 frigoríficos nacionais habilitados a exportar para a Rússia antes do início dos embargos, apenas 140 estariam na lista entregue pelos representantes do governo brasileiro ao Rosselkhoznadzor. Os demais terão que se adaptar às exigências. Na ocasião, Rossi criticou a má qualidade das traduções, para o idioma russo, dos documentos encaminhados pelo Brasil. Segundo o ministro, os erros de tradução foram objeto de uma reclamação pessoal endereçada a ele pelo diretor do Rosselkhoznadzor, Sergey Dankvert. As falhas de tradução podem ter atrasado a avaliação das respostas brasileiras aos questionamentos da autoridade russa.
Agência Brasil
Danilo Macedo
Soja: Conab reafirma em seu novo levantamento recorde em MT
Produção mato-grossense chega a 20,41 milhões de toneladas
O 10º levantamento de safra, divulgado nesa quarta-feira (6) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aponta uma produção de 20,41 milhões de toneladas de soja em Mato Grosso, novo recorde. O incremento será de 8,76%, considerando os números da safra 09/10, que chegou a 18,76 milhões de toneladas. Já a área plantada apresenta expansão de 2,79%, passando de 6,22 milhões de hectares para 6,39 milhões de hectares. A produtividade também terá crescimento (5,80%), saltando de 3,01 mil quilos de soja por hectare, no ano passado, para 3,19 mil Kg/ha, este ano.
A soja continua na vanguarda do agronegócio mato-grossense, mas na safra 10/11 o destaque ficou por conta do algodão, com crescimento de 77,20% em relação ao ciclo anterior. A produção passa de 583,5 mil toneladas para 1,03 milhão/t de pluma, mantendo Mato Grosso na liderança da produção nacional, com mais de 50% de toda a safra brasileira de algodão. A área plantada avançou de 428,1 mil/ha para 714,9,1 mil/ha, incremento de 66,99%. Segundo a Conab, este crescimento ocorreu principalmente no plantio de primeira safra, consequência do atraso do plantio da soja, ocasionado pela falta de chuva que reduziu a janela de plantio para o cultivo da segunda safra. A produtividade apresenta crescimento de 6,16%, avançando de 1,36 mil Kg/ha na safra 09/10 para 1,44 mil Kg/ha na atual safra.
Destaque no ano passado, o milho confirmará produção de 7,41 milhões de toneladas, queda de 8,69% em relação ao ciclo anterior (8,11 milhões de toneladas). A área apresenta recuo de 5,98%, caindo de 1,99 mil/ha para 1,87 mil/ha. Na safra 10/11, a safrinha de milho começou a ser semeada no início de janeiro, concorrendo com o algodão segunda safra. Já a produtividade caiu de 4,07 mil Kg/ha para 3,96 Kg/ha, recuo de 2,92%. A produção de arroz deverá crescer 5,83%, passando de 742,7 mil/t para 786 mil/t. A área evoluiu de 246,9 mil/ha para 252,8 mil/ha, expansão de 2,39% e a produtividade aumentou de 3 mil Kg//há para 3,10 mil Kg/ha, incremento de 3,35%.
De acordo com a Conab, no mês de junho as precipitações ocorreram próximas da média histórica nas principais regiões produtoras do Centro-Sul. Já na maior parte do Mato Grosso, apesar de ligeiramente acima da média, as precipitações foram insuficientes para recuperar a umidade disponível no solo e amenizar as perdas do milho segunda safra plantado mais tarde. (Veja quadro)
DESTAQUE - O maior incremento de área foi constatado na região Centro-Oeste, que participa com 64% no total da área plantada. Nessa região, o incremento foi na ordem de 68,6%. Em Mato Grosso, principal produtor nacional, o crescimento na área ocorre principalmente no plantio de primeira safra, consequência do retardamento do plantio da soja, ocasionado pela falta de chuva, reduzindo desta forma, a janela de plantio para o cultivo do algodão segunda safra.
Marcondes Maciel
Diário de Cuiabá