terça-feira, 31 de agosto de 2010

Editorial: Poeira de soja


Anos de inação governamental – melhor dizendo, décadas – na área dos transportes terrestres começam a apresentar seus tristes resultados e a cobrar de todos os brasileiros sua parte no prejuízo nacional. Enquanto pelas estradas cada caminhão com soja perde cerca de 60 quilos da mercadoria, entre a fazenda e o porto, o custo do agronegócio se eleva em 147% em seis anos (de 2003 a 2009), segundo as informações recém divulgadas pela Associação Nacional dos exportadores de Cereais (Anec).
Não é de hoje que toda a imprensa e os agentes produtivos deste país alertam para os problemas no setor. Problemas para os quais o tempo, em vez de melhor remédio, é pior veneno, só agrava a situação. Os números que fazem do Brasil um país “medíocre” em transportes, nas palavras de Antonio Wroblieski Filho (sócio da SWRO Participações e Logística) são claros. A produção de soja avança pelas fronteiras agrícolas do Oeste, e as redes de transporte (rodovias, ferrovias, hidrovias) deveriam acompanhar esse desenvolvimento, o que não ocorreu. Mais grave: foram se deteriorando em todo o país.
Como resultado da falta de planejamento e de obras, Mato Grosso exporta 80% da produção pelos portos entre Vitória e S. Francisco do Sul, inclusive, quando o caminho natural para chegar aos consumidores do Hemisfério Norte seria... pelo Norte! Do principal pólo produtor sul-matogrossense, a cidade de Sorriso, até Santos, são 2.100 km. Por limitações da capacidade da ferrovia, 70% da safra é movimentada por caminhões, a um custo de R$ 230,00 a tonelada de soja. Produtores mais próximos dos portos, como os gaúchos, catarinenses, paranaenses e paulistas, têm custo de R$ 55 a R$ 70 a tonelada, resultando assim numa média nacional de R$ 135,6 por tonelada. Ora, nos Estados Unidos, a média é de R$ 31,18. Na Argentina, R$ 34,64. Como não dá para transferir essa diferença aos consumidores estrangeiros, adivinhe o leitor quem paga a conta?...
Fonte: www.agrolink.com.br

Área com plantio de soja cresce 3% no Paraná mas safra de grãos será menor

A safra de verão 2010/11 no Paraná poderá ficar em torno de 7% inferior à safra anterior (2009/10) na produção dos três grãos mais cultivados no Estado que são a soja, o milho e o feijão. A primeira estimativa de safra, divulgada nesta segunda-feira (30) pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, aponta para a estabilidade na área plantada com grãos no Estado em 5,6 milhões de hectares. A produção pode cair de 21,4 milhões de toneladas de grãos, colhidos na safra 2010, para 19,9 milhões de toneladas, que serão colhidos na safra 2011. O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Erikson Camargo Chandoha, justificou essa queda em função do agricultor paranaense consolidar sua opção pelo plantio da soja no verão e o milho no período da safrinha. Essa decisão influencia no resultado final do volume de produção, já que o rendimento da soja equivale a 50% do rendimento do milho. Em decorrência da opção do produtor paranaense, a área de cultivo de soja deverá crescer 3% no Estado. Chandoha disse estar preocupado com o comportamento do clima durante o desenvolvimento da safra que começa a ser plantada em todo o Estado. Conforme os principais institutos de pesquisa climatológicas do País, esse ano deve predominar a corrente conhecida como La Niña, cujos efeitos mais perversos são o de seca na região Sul do País. O secretário orienta o agricultor a se proteger e adotar técnicas e cultivos mais resistentes à escassez de chuvas para evitar perdas drásticas para a agropecuária do Estado. Ele estava acompanhado do diretor do Departamento de Economia Rural (Deral), Francisco Carlos Simioni, órgão encarregado de fazer as previsões oficiais de safra no Paraná durante a apresentação dos números da pesquisa à imprensa. A pesquisa de campo, feita pelos técnicos do Deral, indica que este ano o produtor vai ampliar a área plantada com soja que cresce de 4,4 milhões de hectares para 4,5 milhões de hectares. A produção esperada pode apresentar queda de 1%, dependendo do comportamento do clima, que equivale a uma redução 200 mil toneladas no volume de produção, que cai de 13,9 milhões de toneladas para 13,7 milhões de toneladas. O aumento na área plantada com soja já representa a opção do agricultor para se proteger de possíveis efeitos do clima mais seco, disse Chandoha. Segundo ele, o produtor analisa em sua intenção de plantio a liquidez da soja, que é atrelada ao mercado internacional, o custo de produção inferior ao cultivo de milho, o manejo durante todo o desenvolvimento da cultura e menos risco climático, já que a planta é mais resistente à falta de umidade se comparada o milho. Segundo tendência verificada pelo Deral, os produtores estão migrando do cultivo do milho para a soja e o feijão, culturas que estão apresentando mais rentabilidade econômica. A pesquisa aponta que a área cultivada com feijão das águas cresce 8%, avançando de 320,1 mil hectares plantados na safra 2009/10 para 344,9 mil hectares que serão plantados na safra 2010/11. A produção esperada é 19% maior, devendo passar de 485,6 mil toneladas colhidos na safra anterior para 579,8 mil toneladas que poderão ser colhidas na próxima safra.Segundo Chandoha, os produtores de feijão estão animados com os preços de comercialização em torno de R$ 61,35 a saca de 60 quilos, valores que estão acima dos custos de produção. Enquanto a área plantada com soja e feijão aumenta, a pesquisa do Deral detectou uma redução de 15% na área de plantio de milho da safra de verão, que cai de 900 mil hectares plantados na safra passada para 762 mil hectares na próxima safra. Pelo segundo ano consecutivo, é a menor área plantada desde a década de 70. A redução na área plantada em relação à safra passada é de 138 mil hectares. Com área plantada menor, a produção deverá cair em torno de 20% que equivale a um volume de 1,3 milhão de toneladas. A produção, que alcançou 6,8 milhões de toneladas na safra de verão do ano passado, deverá atingir em torno de 5,5 milhões na próxima safra. Nos últimos 5 anos, observa-se a tendência de substituição de áreas de plantio de milho na primeira safra, por soja, e crescimento da área cultivada com milho na segunda safra (safrinha). O produtor leva em consideração o maior risco climático e os tratos culturais e manejo das lavouras de soja são mais fáceis do que para o milho. Apesar na redução na área plantada com milho na primeira safra, observa-se um crescimento da produtividade da cultura. Desde o início da década de 2000, a produtividade média do milho no Paraná evoluiu de 5.500 quilos por hectare para 7.600 quilos por hectare. Esse avanço aconteceu em decorrência da eficiência dos produtores que vêm utilizando mais tecnologia, com novas variedades de plantas e utilizam técnicas como plantio direto e manejo adequado do solo. Outras culturas com cultivo em crescimento no Paraná, em função da diversificação das propriedades agrícolas são a batata das águas, com 12% de aumento na produção; cebola com 20% de aumento; tomate com 18% de crescimento e mandioca com 9% de aumento na produção. CLIMA - A incidência do fenômeno La Niña, que deve predominar este ano, se caracteriza por um período de escassez de chuvas nos próximos meses. Segundo Chandoha, a preocupação é a redução das chuvas na primavera e no verão, justamente quando as lavouras necessitam de maior concentração de umidade para o seu desenvolvimento. Diante desta ameaça, o secretário recomenda ao produtor não descuidar das técnicas preconizadas pela pesquisa agronômica como o plantio escalonado, seguir com atenção as recomendações da pesquisa e da assistência técnica, seguir o zoneamento agrícola e se possível, construir reservatórios para captação de água para armazenagem e utilização nos períodos pico de seca.
Fonte: Agência Estadual de Notícias - Paraná

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pesquisadora da Embrapa alerta para os riscos do uso de sementes pirata

Com a proximidade do período chuvoso e do início do plantio de determinadas culturas, a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Caroline Jácome Costa, faz um alerta ao produtor: a importância de se utilizar sementes certificadas. “A opção pelas sementes de qualidade superior deve ser o ponto de partida para a sustentabilidade do agronegócio. Semente pirata é um barato que sai caro. A utilização de sementes certificadas é uma questão de qualidade”, afirma.

No sistema de certificação, o produtor de sementes tem que seguir determinadas normas, estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Deve-se atender uma série de requisitos ao longo da produção para que, no final do processo, haja a garantia de que se trata de um material representativo da cultivar e que atenda padrões mínimos de qualidade fisiológica e sanitária. Isso acaba se refletindo no próprio desempenho dessa semente no campo”. De acordo com a estudiosa, é possível estabelecer uma relação direta entre a taxa de utilização de sementes de qualidade e os índices de produtividade registrados para as principais culturas.

Segundo ela, a utilização de sementes piratas compromete não apenas o retorno dos investimentos do produtor, mas, também, a continuidade dos programas de melhoramento genético. “O Brasil conta com uma indústria de sementes bem estabelecida, amparada por excelentes instituições públicas e privadas de pesquisa e que oferece um produto de qualidade ao mercado. São os royalties de uma semente que o produtor compra legalmente que alimenta toda a pesquisa”, defende.

Com a utilização de sementes não certificadas, há ainda o problema da introdução de pragas e doenças em áreas indenes. “O recrudescimento de doenças já banidas em algumas culturas de importância econômica, como Cercospora sojina (mancha olho-de-rã) em soja e a disseminação de Sclerotinia sclerotiorum (mofo branco) em áreas livres da doença já foram relatados como consequências da utilização de sementes piratas”. Para as grandes culturas, o custo de produção relativo às sementes fica em torno de 5 a 6%. “Se o produtor decidir economizar com isso, ele pode ter problemas sérios lá na frente. Definitivamente não vale a pena”, afirma a pesquisadora.

Legislação - Dois fatores que podem ter intensificado o uso de sementes piratas nos últimos anos foram a demora para a regulamentação da Lei de Biossegurança, que trata, dentre outros aspectos, da comercialização de organismos geneticamente modificados no país, e a mudança da legislação referente à produção de sementes. Desde 2004, a Lei de Sementes permite a utilização de sementes próprias, o que pode estimular o desenvolvimento de um sistema de produção paralelo ao sistema formal.

Fonte: assessoria de imprensa da Embrapa Cerrados.

Clima ainda não afeta preços, mas impacto pode vir até 2011

A falta de chuvas em diversos Estados brasileiros ainda não alterou os preços agrícolas, seja de grãos, seja de verduras e legumes. Se o clima seco se prolongar, contudo, poderá gerar efeitos de curto e de médio a longo prazo. No curto prazo, o efeito aparece em legumes, verduras e hortaliças. As maiores preocupações, contudo, são com a possibilidade de a seca atingir o plantio de safras importantes, como soja e milho. Os preços de alguns desses itens já começam a ficar pressionados, devido à estiagem em outros produtores estratégicos. A forte seca que fez a Rússia perder US$ 1,1 bilhão em trigo, na pior estiagem em 150 anos, causou impacto nos preços do cereal comercializado no Brasil, que subiu 4,6% na semana passada - a primeira elevação desde novembro de 2009. O movimento de alta nos preços não havia ocorrido mais cedo graças aos estoques acumulados no país, mas agora as cotações da soja e do milho começam a subir. Esses grãos funcionam como substitutos imediatos do trigo, que teve a exportação proibida pelos russos há cerca de um mês. "As dificuldades da Rússia e os problemas de seca que estamos enfrentando agora, combinados, vão chegar nos preços agrícolas sim, mas não é possível mensurar quando", diz Antônio Comone, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, que apura preços semanalmente em São Paulo. "Até o momento, não dá para perceber absolutamente nada", diz ele. Levantamento realizado pela RC Consultores com 14 produtos agrícolas mostra que itens como batata, tomate, leite, ovos e laranja estão comportados. Já milho e soja passam por elevação em agosto. A saca de soja é vendida a R$ 39 e a de milho a R$ 20,2, um avanço de 9,6% e 9,3%, respectivamente, sobre julho. A alta, avalia Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, respondem à maior demanda sobre esses grãos. Os problemas com o trigo russo demoraram a aparecer no mercado interno brasileiro. Desde a última semana de novembro de 2009, a média de preços de uma saca de trigo caiu levemente de uma semana para a outra ou permaneceu estável. "Foram os estoques que seguraram esse baque forte que a Rússia deu, mas tem uma hora que não dá mais", diz Silveira. Na semana passada, o preço da saca de trigo subiu 4,6% sobre a semana anterior - o primeiro avanço em 36 semanas. "O tempo seco ainda não afeta os preços internamente. O aumento decorre unicamente da forte estiagem na Rússia. Se esse tempo seco continuar no Brasil, aí teremos problemas, porque em setembro começa o plantio de grãos importantes, como milho e soja, e o impacto nos preços costuma ser rápido", afirma Silveira. Segundo Comone, os estoques das empresas é que oferecerão sustentação para preços. "Muitas companhias com estoques podem optar por não mexer nos preços para ganhar o espaço do concorrente que está sem estoques, preferindo não ampliar o lucro para ganhar mercado. Esse movimento pode segurar os preços por um tempo", explica o economista, para quem, no entanto, "em mais ou menos tempo, o clima seco em São Paulo e no Brasil vai afetar os preços agrícolas". Em cinco anos da década iniciada em 2000, a inflação de alimentos e bebidas superou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação do país. Nos três anos em que o índice de precipitação atingiu mínimas históricas em São Paulo, o avanço nos preços de alimentos superou o IPCA. No entanto, a maior diferença entre alimentos e IPCA foi alcançada em 2002 - 6,9 pontos percentuais - ano em que não houve problemas de seca. Em 2004, quando a estiagem foi mais severa em agosto que a atual, a inflação de alimentos foi inferior ao índice cheio.
Fonte: Valor Econômico

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Revista britânica cita agricultura brasileira como modelo para a crise mundial de alimentos

Segundo a revista, o sucesso das formas de cultivo no Brasil se devem principalmente à "maneira" como são feitas, em oposição às previsões do que o texto chama de "agro-pessimistas". "Para eles [os'agro-pessimistas'], sustentabilidade é a maior das virtudes e é melhor alcançada quando se incentiva pequenas fazendas e práticas orgânicas. Eles [os brasileiros] desdenham com monoculturas e fertilizantes químicos", compara a Economist.
A revista também destaca as vendas de alimentos feitas no mercado local e o equilíbrio entre o desenvolvimento das zonas de cultivo e a proteção do meio-ambiente. "O país é acusado de promover a agricultura arruinando a Floresta Amazônica. É verdade que há o cultivo destrutivo, mas a maior parte da revolução nos últimos 40 anos tem se localizado no cerrado".
Para exemplificar, o artigo cita que, para Norman Borlaug, o "pai da Revolução Verde", a melhor forma de salvar os ecossistemas em risco seria fazer crescer plantações em outros lugares e, assim, evitar que se tocasse nas "maravilhas naturais". "O Brasil mostra que isso pode ser feito (...) Há quatro décadas, o país enfrentou uma crise agrícola e respondeu decididamente com coragem. O mundo está enfrentando uma crise de alimentos em ritmo lento agora e deveria aprender com o Brasil", sintetiza.

Fonte: Portal Exame

Transporte da produção agrícola será o grande desafio do novo presidente.

"Nos últimos anos, houve um crescimento grande na produção e na exportação de produtos agrícolas. Só que esse crescimento não foi acompanhado dos investimentos necessários na logística de escoamento dessa produção", salientou Alvarenga. "Isso passa pelas rodovias e pelos portos, principalmente". O adiamento da solução desse gargalo de transporte poderá inviabilizar o crescimento projetado para a área de grãos e de cana-de-açúcar, com destaque para o etanol, advertiu o presidente da SNA. Para ele, é preciso reduzir a dependência do modal rodoviário, que representa 61% da matriz de transporte agrícola no Brasil. Segundo Alvarenga, as rodovias têm custo mais elevado e apresentam, na maioria, "péssima condição de conservação". O ideal seria estimular a construção ou a recuperação de ferrovias e hidrovias, "como é no resto do mundo todo". Alvarenga afirmou que o custo do transporte dos produtos agrícolas no Brasil é praticamente o dobro do custo de países como Estados Unidos e Argentina. Outro desafio que o próximo governo terá de enfrentar é a necessidade de aumento da oferta de crédito. "O setor está endividado e tem que ter mais crédito para continuar crescendo". O titular da SNA defendeu, ainda, maior incentivo à pesquisa e às exportações.

Fonte: Portal Exame