quarta-feira, 27 de abril de 2011

MT: exportações de carne registram queda de 4% no 1º trimestre
As exportações mato-grossenses de carne recuaram 4% no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período de 2010.
De acordo com levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, as vendas de carne encerraram os primeiros três meses do ano em 45,27 mil toneladas de equivalente carcaça - segundo menor número para este período dos últimos cinco anos – contra 47,08 mil toneladas no primeiro trimestre do ano anterior. Segundo as estatísticas, o volume embarcado este ano supera apenas o do primeiro trimestre de 2009, quando foram enviadas 35,04 mil toneladas. O mês de janeiro foi um dos que mais influenciou no comportamento das exportações este ano, uma vez que os embarques foram os menores desde fevereiro de 2009. Em março, contudo, a queda foi de 10% em relação ao mês anterior, com um volume exportado de 15,14 mil toneladas de equivalente carcaça. Este recuo, segundo analistas, pode estar associado ao período de feriado do carnaval, uma vez que nos últimos três anos o volume registrado no mês de fevereiro era inferior ao observado em março.
Na comparação com o mesmo mês em 2010, as exportações apresentaram redução de 15%, mas quando se compara com fevereiro de 2010, quando ocorreu o carnaval, a variação é positiva em 4%. Importando um volume de 4,21 mil toneladas de equivalente carcaça, a Rússia continuou sendo o principal destino da carne mato-grossense, representando 28% do total exportado. O preço médio da tonelada embarcada foi de US$ 3,77 mil, valorização de 3,22% em relação ao mês de fevereiro. Na avaliação do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a combinação de fatores como a manutenção da cotação do dólar na casa de R$ 1,50, preços elevados internamente e problemas políticos no Oriente Médio, pode ter atrapalhado o desempenho das exportações no primeiro trimestre do ano. De acordo com analistas, estes fatores e o resultado do primeiro trimestre demonstram que, apesar de apresentar recuperação, a economia internacional ainda não está totalmente refeita do forte abalo que sofreu com a crise do segundo semestre de 2008.
“Como este primeiro semestre, juntamente com o último, é historicamente período de esfriamento natural da demanda internacional, o sinal de alerta ainda se encontra em meia-luz, com a continuidade da pressão”, alerta Boletim Semanal do Imea.

MERCADO

Boletim divulgado na última segunda-feira pelo Imea aponta que a maior diferença entre a cotação média de preços praticada nos mercados físicos mato-grossense e paulista (spread) foi de 16,53%, registrada em dezembro de 2010. “Essa situação pode ser justificada por uma queda na precificação dos dois estados, porém, Mato Grosso apresentou uma desvalorização mais acentuada, 8,5%, enquanto que a baixa observada em São Paulo foi de 7,3%, o que justifica o aumento do spread entre os estados”. Ainda de acordo com o Imea, a menor diferença observada foi de 9,52% no mês de maio do ano passado, “período em que o preço da arroba de ambos os estados apresentou elevação semelhante de 2,59% para São Paulo e 2,48% para Mato Grosso, o que explica a queda do spread”. A arroba do boi gordo negociada no mercado físico em Mato Grosso encerrou a semana com uma média de R$ 90,84/arroba, no pagamento à vista, queda de 1,22%. Seguindo a mesma tendência, o preço médio da vaca gorda à vista apresentou desvalorização de 0,82% em relação à semana anterior, encerrando a semana com uma média de R$ 81,43/arroba.
Marcondes Maciel
Diário de Cuiabá

Governo e maioria dos líderes querem votar logo novo Código Florestal
O governo e a maioria dos líderes partidários da Câmara não vêm necessidade de adiar a votação do novo Código Florestal, prevista para a próxima semana, embora alguns líderes queiram mais tempo para discutir a proposta. Ontem (26) os líderes partidários reuniram-se com os ministros da Agricultura, do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e de Relações Institucionais para discutir as propostas do governo. De acordo com o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, a reunião foi “extremamente positiva”. Segundo ele, na reunião se deu um passo importante na construção de um texto para convergir para o que as bancadas agropecuarista e ambientalista querem. “Vamos chegar a um texto que vai refletir essa média ponderada e convergir para um acordo. Se tivermos pontos de conflitos eles serão pontuais e residuais”.
Já o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), propôs que a votação do código seja adiada pelos menos por uma semana após a apresentação do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para que o partido possa discutir o texto antes dele ser colocado em votação. Segundo ele, não dá para receber o relatório na segunda-feira e começar a votá-lo na terça ou na quarta-feira. “Recebemos algumas sugestões do governo. Ainda não temos um relatório e não sabemos quais as mudanças que serão propostas”. O líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), disse que o seu partido quer votar na próxima semana o novo código. Segundo ele, nos pontos em que não houver consenso caberá ao plenário decidir na votação. “Ele está muito próximo de traduzir um sentimento majoritário da Casa. Tenho confiança que poderá ser votado na semana que vem e com o apoio da quase totalidade da Câmara dos Deputados”.
Para o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), o assunto vem sendo discutido há muito tempo e não há razão para adiar a votação do código. "Para nós é importante votarmos na próxima semana para que haja tempo para o Senado discutir e votar a matéria para seguir para a sanção presidencial antes do dia 11 de junho". O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), também defendeu a votação do novo código já na semana que vem, nos dias 3 e 4. “O deputado Aldo Rebelo e o governo chegaram a um amplo consenso, com apenas dois pontos divergentes. Mas mesmo as divergências não são de grande monte e acho que teremos um bom debate e a votação do novo código”. No entanto, para o líder do PV e representante dos ambientalistas, deputado Sarney Filho (MA), a votação do código deve ser adiada para que os parlamentares possam discutir as propostas apresentadas hoje pelo governo e pela comunidade científica. “Achamos que é precipitado a votação na semana que vem. Precisamos é ter serenidade para fazermos uma lei com os pés no presente e os olhos voltados para o futuro”.
Iolando Lourenço
Agência Brasil



Soja: Safra 80% transgênica
Nova temporada começa a ser planejada. Produtores esbarram na falta de materiais convencionais produtivos e de ‘plus’
Vedete das últimas safras, os transgênicos ou OGMS (organismos geneticamente modificados) continuarão expandindo sua área em Mato Grosso. Na safra 10/11 – recentemente encerrada no Estado - a soja transgênica respondeu por 65% de toda a área plantada, algo em torno de 4,11 milhões de hectares. Para a nova temporada, safra 11/12, a projeção é de um aumento de 15 pontos percentuais (p.p.) na área de transgênicos. Se a estimativa se confirmar, a área destinada às cultivares OGM chegará a 80% contra 20% de variedades convencionais. Considerando a manutenção da atual área de soja no Estado (6,4 milhões de hectares), os OGMs poderão responder por mais de 5 milhões de hectares, enquanto a não-transgênica ficaria com uma área de cerca de 1,22 milhão de hectares a partir do segundo semestre quando a safra começa a ser plantada. Mato Grosso é o maior produtor nacional de soja e responde por 8% da oferta mundial.
E a expectativa, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), é de que em duas safras os OGMs ocupem 90% da área cultivada de soja no Estado, o que representaria hoje 5,69 milhões de hectares, ficando a convencional com apenas 631 mil. De acordo com o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, muitos produtores têm interesse em plantar a soja convencional, porém estão encontrando dificuldades para adquirir sementes e variedades produtivas. Outro problema é que os produtores não estariam recebendo, das tradings, o diferencial de preços pelo grão livre de transgenia. O prometido ‘plus’ não se efetiva na hora do pagamento.Teoricamente, a soja convencional teria de garantir um lucro em torno de US$ 15 por hectare ao produtor. Mas nem todos os compradores estão fazendo esta compensação aos produtores, o que estaria causando um desestímulo àqueles que trabalham com a soja convencional.
Segundo o agrônomo Naildo Lopes, a grande vantagem dos OGMs está na facilidade do manejo da lavoura, com a aplicação da tecnologia Roundup Ready, que dispensa a aplicação de herbicidas para eliminar ervas daninhas. Para a não-transgênica, a atração está no interesse cada vez maior de europeus e asiáticos pela soja convencional. “As sementes geneticamente modificadas vão continuar dominando o mercado, mas não podemos perder de vista mercados potenciais que demandam o consumo de soja não-transgênica, como Europa, China e Coreia”, lembra Lopes. Para ele, o importante é que os produtores tenham “liberdade de escolha” para trabalhar com sementes que eles consideram mais adequadas e que vão lhes proporcionar melhor resultado. No caso da opção pelos transgênicos, os fatores que mais pesam na decisão do produtor são os preços do glifosato, variedades adaptadas à região e produtividade. “Os produtores devem colocar tudo isso na balança”, recomenda o agrônomo.
NÃO-TRANSGÊNICOS - Mato Grosso ainda é um dos poucos estados que ainda têm uma grande área de plantio de soja convencional. No Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, mais de 90% das áreas já são ocupadas por sementes OGMs. Se, de um lado, os alimentos geneticamente modificados agradam aos produtores porque são resistentes a pragas e mais rentáveis, de outro despertam pânico nos ambientalistas, que apontam riscos à saúde e à natureza. “A verdade é que existem argumentos favoráveis ao cultivo dos transgênicos, mas também existem razões para se defender a proteção de algumas áreas, em que os grãos seriam totalmente puros. O principal aspecto a ser considerado em favor dos alimentos geneticamente modificados é o potencial de expansão da safra agrícola. Os grãos modificados têm maior resistência às pragas e necessitam de menos herbicidas, o que teoricamente barateia os custos de produção”, afirma o agrônomo Pedro Paulo Tirloni Júnior.
Diário de Cuiabá
Marcondes Maciel
Soja deve elevar o MT para o posto de mais rentável do País
Produto segue marcando a história do Mato Grosso. Neste ano, além de uma produção recorde, o grão pode ampliar o valor bruto de produção para R$ 33,3 bi - São Paulo
O valor bruto da produção (VBP) do Mato Grosso pode ultrapassar a casa dos R$ 33,3 bilhões este ano, deixando para trás São Paulo, que detinha a liderança, e Paraná, segundo colocado até o ano passado. A principal responsável por este resultado foi a soja, cuja safra 2010/2011, apesar dos problemas sofridos por conta do clima, deve registrar recorde com 20,3 milhões de toneladas, ou seja, 8,3% maior que a safra 2009/2010.  A soja continua sendo a menina dos olhos para o Mato Grosso, além de uma produção recorde nesta safra 2010/2011, a produtividade por hectare é o outro grande motivo para as comemorações do estado. Na safra passada, o produtor agrícola obteve em média 3 toneladas de soja por hectare, o que representa um volume de 50 sacas de 60 quilos por hectare. Nesta safra, o montante gerado por hectare deve superar a marca de 3,2 toneladas, ou seja, 53 sacas por hectare. "A produtividade da soja foi muito boa, já colhemos tudo praticamente. E esse crescimento é bastante considerável, o que deixa esta safra com a melhor produtividade da história do estado", contou Otávio Celidonio, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Para ele, o principal fator que gerou essa boa produtividade nas lavouras de soja foi a baixa incidência da ferrugem asiática, doença causada por um fungo que ataca as plantações. Celidonio afirmou que a rotina dos produtores para evitar essa praga, aliada ao período seco visto na entressafra, resultou em uma ótima produtividade da soja. "Esse ano, um dos fatores que incidiram para esse aumento na produtividade foi a baixa influencia da ferrugem asiática que não trouxe transtornos para os produtores. Isso foi por causa do período de entressafra que foi bastante seco. Além do que os próprios produtores têm feito esse controle rotineiramente. O desenvolvimento da soja precoce foi outro fator que contribuiu para essa média de produtividade no estado, pois ela foi plantada mais tarde e pegou o período certo de chuvas, que contribuiu para melhorar seu desenvolvimento", enfatizou ele. Além da produtividade maior, o Imea prevê aumentos consideráveis de áreas até 2020. Este ano a soja ocupou 6,4 milhões de hectares, que representa um crescimento ante a ultima safra de 3,1%. Nos próximos nove anos a expectativa é de que o estado supere a marca de 8,3 milhões de hectares, oriundos principalmente de terrenos usados para pastagens. "Temos 26 milhões de hectares de pasto no estado, desse total cerca de 9 milhões de hectares estão sobre um solo muito adequado para lavouras de soja."
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, a aposta do setor deve continuar no aumento de produtividade, e não em áreas. Segundo Silveira, nos próximos dez anos o Brasil teria de saltar das atuais 2,8 toneladas por hectare na média, para 4 toneladas. "Não temos mais tantas áreas para ampliar a produção, temos de investir em tecnologias para ampliar a produtividade. E isso somente será possível se a nossa logística funcionar", frisou.
Valor de Produção
O Brasil deve atingir este ano um valor bruto de produção agropecuária de aproximadamente R$ 193,1 bilhões, contra os R$ 179,9 de 2010. Somente o Estado do Mato Grosso pode atingir a marca de R$ 33,35 bilhões, superando os R$ 21,3 bilhões vistos no ano passado. Neste cenário a soja é mais uma vez a grande responsável pelo resultado, representando 47% deste total, ou seja, R$ 15,5 bilhões. "O potencial do Mato Grosso é tão grande que aos poucos eles estão dominando a agricultura do País", afirmou o coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Garcia Gasques. O estado paulista, que em 2010 havia registrado um valor bruto de produção de R$ 32,9 bilhões, deve fechar este ano com R$ 29,8 bilhões, dado principalmente a cana-de-açúcar. Já no Paraná não houve queda no valor bruto obtido, mas o crescimento foi aquém do esperado, e deve fechar com R$ 24,9 bilhões em 2011, ante os R$ 23,6 bilhões de 2010.
DCI - Diário do Comércio & Indústria
Daniel Popov