terça-feira, 12 de abril de 2011

Soja: produção recorde enfraquece cotações

Levantamentos do Cepea apontam que os preços da soja estão mais fracos, devido ao avanço da colheita no Brasil, à maior produtividade e à conseqüente produção recorde, e das condições climáticas favoráveis na América do Sul. Quanto à demanda, até se manteve firme, mas isso não foi suficiente para sustentar as cotações. Entre 1º e 8 de abril, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa para o produto transferido no porto de Paranaguá caiu 1,74%, finalizando a US$ 29,86/sc de 60 kg, na sexta-feira, 8.
Em moeda nacional, o Indicador caiu 4,06% no mesmo período, fechando a R$ 47,00/sc. O Indicador CEPEA/ESALQ (média de cinco regiões do Paraná) caiu 2,93%, fechando a R$ 44,67/sc na sexta. Em relação à safra 2010/11, dados da Conab divulgados na semana passada apontam recordes no cultivo de soja no Brasil. Os números da área e de produtividade foram ligeiramente ajustados para cima em relação ao relatório anterior, atingindo 24,2 milhões de hectares e praticamente três toneladas por hectare, respectivamente. Dessa forma, a produção deve registrar volume recorde de 72,2 milhões de toneladas.
(Fonte: Cepea – www.cepea.esalq.usp.br )

Safrinha de risco e preço elevados

Indicador da Expedição Safra mostra que produtor resolveu ampliar plantio apesar do risco de geada precoce no Paraná e de seca em Mato Grosso

Motivados pelos preços em alta e pelas perspectivas favoráveis, os produtores brasileiros passaram por cima do risco climático e elevaram suas apostas no milho safrinha neste ano. Com aumento de 5% na área de cultivo, o cereal ocupa 5,53 milhões de hectares no Brasil neste inverno, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo. A ameaça do La Niña, que permeou todo o ciclo produtivo de verão, mas não se confirmou, retorna no inverno, afirmam os meteorologistas. No Paraná, expõe as lavouras ao risco de geadas precoces. Em Mato Grosso, os mapas climáticos indicam que o perigo é a falta de chuvas. Mas, como contam com a proteção do mercado, os produtores não se mostram muito incomodados. Depois de perder terreno considerável para a soja nos últimos verões, o milho volta com força e ganha espaço como opção de segunda safra em praticamente todo o cinturão de produção. Só não avança em Mato Grosso porque enfrenta forte competição com o algodão e houve atraso na colheita da soja. O Paraná lidera o avanço, com incremento de 19% no plantio. No maior produtor nacional, as lavouras de milho safrinha se estendem por 1,6 milhão de hectares, quase o dobro da área destinada ao cereal no último verão.

“O preço está muito bom. Não poderia deixar de plantar”, diz o produtor José Roberto Mortari. Na propriedade que mantém em Londrina (Norte do estado), ele aumentou em cerca de 70% a área destinada ao milho safrinha, que passou a ocupar 120 hectares. Os preços em alta adubam a produção não só onde o milho safrinha está consolidado, como nos líderes Paraná e Mato Grosso, mas também em estados que até alguns anos atrás não tinham tradição alguma na cultura. É o caso do Piauí, uma das mais novas e promissoras fronteiras agrícolas brasileiras. Os produtores piauienses, que alguns anos atrás sequer plantavam milho de verão, há dois anos começaram a investir no cereal de segunda safra, que lá é plantado mais cedo do que no Centro-Sul do país.
Quando passaram pelo estado, em fevereiro, os técnicos e jornalistas da Expedição encontraram agricultores correndo contra o tempo para tirar a soja do campo e largar as sementes de milho no solo. A experiência é nova na região, mas vem ganhando adeptos a cada ano. Celso Werner, um dos pioneiros da safra dupla no distrito de Nova Santa Rosa, município de Uruçuí, contou à equipe que tirou da lavoura 4,8 mil quilos de milho por hectare no inverno de 2010. Satisfeito com o resultado, reservou 550 hectares ao cereal de segunda safra neste ano e espera repetir o bom desempenho em junho, quando iniciará a colheita.

Muito mais do que pelo clima, apostas como a de Werner são incentivadas pelo mercado, que sustenta tendência positiva desde o segundo semestre do ano passado e deve manter-se em alta nos próximos meses. Ainda sob influência do fenômeno climático La Niña, o inverno de 2011 será de risco elevado para uma cultura já tradicionalmente arriscada, observa o agrônomo Robson Mafioletti, assessor técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Com redução de 4,4% na produtividade média brasileira, a segunda safra de milho do país tem potencial para superar a marca de 22 milhões de hectares, resultado ligeiramente acima do obtido em 2010, mostra levantamento da Expedição. “O risco é inerente ao safrinha e o atraso no plantio não deve afetar o volume de produção. A estimativa preliminar, que já considera a possibilidade de quebra climática devido ao La Niña, aponta para outra safra muito boa de milho de inverno”, pontua Mafioletti. “No ano passado, parou de chover no dia 6 de abril. Se este ano for igual, metade da safra vai ser perdida. Mas não parece que isso vai acontecer, pois já estamos quase na metade do mês e ainda há previsão de chuva”, diz o produtor Jaime Coradini, de Primavera do Leste (Sul de Mato Grosso). Para se proteger contra o clima e cobrir seus custos de produção, ele aproveitou ofertas de compra a preços 95% acima dos praticados nesta mesma época de 2010. “Não vendi mais porque ainda não dá para saber quanto vou colher”, explica.

“Os preços estão bons. Mas no milho a gente nunca se empolga muito porque o mercado oscila demais”, avalia Eduardo Godói, de Sapezal (Oeste mato-grossense). Com 30% da safra vendida ainda na época do plantio, ele se diz otimista com os resultados no campo. “O clima está excelente, chovendo toda noite e com sol durante o dia, do jeito que a lavoura gosta. Melhor do que o ano passado já dá para dizer que vai ser”, prevê.


Seminário debate uso sustentável do solo
Evento abordará aspectos sobre o manejo adequado da terra para a produção de alimentos, geração de riquezas e qualidade ambiental
A importância do uso e manejo sustentável do solo no processo produtivo agropecuário será o tema do Seminário sobre o Dia Nacional da Conservação do Solo, nesta quinta-feira, 14 de abril, a partir das 9h, no auditório do Ministério da Agricultura, em Brasília. O evento é promovido pelo Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, em homenagem ao dia do solo, comemorado no dia 15 de abril. “O solo é a base da produção agropecuária, de fibras e de energia para o país. Além disso, é um componente essencial dos ecossistemas onde promovemos o nosso desenvolvimento socioeconômico. Por isso, a preocupação para com a sua sustentabilidade”, explica o chefe da Divisão de Agricultura Conservacionista, Maurício Carvalho de Oliveira.
A programação será composta por três palestras, ministradas por pesquisadores de reconhecidas instituições brasileiras. Entre os temas que serão abordados estão o funcionamento biológico do solo, a sustentabilidade de sistemas agrícolas e o plantio direto na palha. Uma das palestrantes será a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda de Carvalho Mendes. Ela explicará como o uso de indicadores biológicos pode auxiliar o agricultor na melhoria das condições físicas e biológicas e da produtividade do solo. “Por meio de bioindicadores, o produtor pode avaliar se o sistema de manejo que ele utiliza está favorecendo ou desfavorecendo o funcionamento biológico do solo”, salienta.
Programas do Ministério
O Ministério da Agricultura desenvolve diversos programas e atividades voltadas para promover a conservação e o uso sustentável do solo. Uma delas é o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que estimula práticas como o planto direto na palha e a recuperação de áreas degradadas de modo a melhorar a produtividade da terra e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Outra iniciativa é o projeto Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Hidrográficas (Pisa), que incentiva a adoção de tecnologias e sistemas agropecuários sustentáveis no processo de produção e na recuperação da capacidade produtiva dos solos. Um dos principais problemas da agropecuária brasileira é a degradação química, física e biológica do solo. Persiste a cultura nociva de se arar a terra para o plantio. A prática expõe o solo aos agentes causadores da erosão ─ como a água das chuvas, os ventos e o próprio sol ─ além de emitir gases de efeito estufa pela queima da matéria orgânica do terreno.
Programação:
9h – Abertura do Seminário/ Erikson Chandoha, secretário da SDC
9h30 - Funcionamento biológico do solo e a sustentabilidade de sistemas agrícolas/ Ieda de Carvalho Mendes, pesquisadora da Embrapa Cerrados 10h30 - Plantio direto de qualidade – gargalos e desafios/ Clayton Giani Bortolini, engenheiro agrônomo da Fundação Rio Verde (MT) 11h15 - Diversificação de sistemas produtivos através do uso de plantas de cobertura e rotação de culturas em Sistema de Plantio Direto – relevância na conservação e manejo do solo/ Ademir Calegari, pesquisador do IAPAR
Marcos Giesteira
www.agricultura.gov.br