quarta-feira, 11 de maio de 2011

Nova safra de trigo do Brasil cairá 10%; exportação é recorde
SÃO PAULO (Reuters) - A nova safra de trigo do Brasil (2011/12) foi estimada nesta terça-feira em 5,3 milhões de toneladas, queda de cerca de 10 por cento na comparação com a anterior, previu a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A redução na produção ocorre, em parte, por uma esperada queda de 4,3 por cento no plantio ante a temporada anterior, para 2,05 milhões de hectares, mostraram dados da Conab que constam do primeiro levantamento da estatal para o trigo da nova safra. O Paraná, maior produtor de trigo do Brasil, deverá cultivar 10 por cento menos do que no ano passado, segundo a Conab. "O milho safrinha no Paraná cresceu e tomou área de trigo. O milho está com liquidação muito boa, como nunca tivemos. Colheu, vendeu", afirmou o técnico da Conab Paulo Magno Rabelo, comentando a perda de área do trigo para a cultura concorrente de inverno no Estado.
O Paraná semeou até o momento pouco mais da metade da área esperada pelo Estado, segundo dados do governo local. Por outro lado, no Rio Grande do Sul, segundo produtor nacional de trigo, a área plantada deverá aumentar mais de 5 por cento, com os produtores gaúchos animados com o crescimento das exportações do produto --além disso, eles não têm, como os paranaenses, a opção de plantar milho segunda safra. Rabelo observou ainda que a produção total do Brasil poderia ser maior do que o inicialmente estimado, porque a Conab utilizou para o cálculo uma produtividade histórica média. "Se utilizássemos a produtividade registrada no ano passado, que foi muito boa, a produção seria de 5,6 milhões de toneladas, com pouca diferença em relação à safra anterior", afirmou ele, comentando que a intenção de plantio do produtor também poderá mudar à medida que os trabalhos se desenvolvem.
EXPORTAÇÕES RECORDES
Após colher uma das melhores safras dos últimos anos, de 5,8 milhões de toneladas, o Brasil (um importador líquido) já exportou um volume recorde do cereal na atual temporada 2010/11 (agosto/julho). Segundo dados do Ministério da Agricultora, as exportações de trigo do Brasil de agosto de 2010 a abril de 2011 somam 2,15 milhões de toneladas, quase o dobro das registradas em toda a temporada anterior, com os produtores e exportadores tirando proveito de um programa do governo (PEP) que subsidia o transporte do produto até os portos, além dos bons preços no mercado internacional.nQuase que a totalidade do volume exportado em 2010/11 foi embarcado neste ano, com o Rio Grande do Sul respondendo por mais da metade das exportações.
O cereal gaúcho é bastante apreciado pelos países do norte da África e Oriente Médio, os principais destinos. Ao mesmo tempo, o Brasil não demanda todo o trigo produzido no Rio Grande do Sul, mais adequado para a fabricação de farinha para a produção de biscoitos.Até o final da temporada, o Brasil deve exportar 2,25 milhões de toneladas de trigo, segundo Rabelo.Já as importações entre agosto e abril somam 4,4 milhões de toneladas, sendo 2,3 milhões de toneladas de janeiro a abril.
Reuters
Roberto Samora

Ruralistas querem incluir criação de animais em APPs no texto do Código
Brasília - A bancada ruralista na Câmara, formada por parlamentares de vários partidos como DEM, PTB e PMDB, reuniu-se há pouco para consolidar algumas propostas de adequação do texto do relator do Código Florestal, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Eles vão se encontrar com o Aldo Rebelo antes da votação, marcada para hoje (11). Esses deputados querem que fique clara a garantia de que os agricultores poderão continuar plantando alimentos, produtos de baixo impacto ambiental e de forma sustentável nas áreas de proteção ambiental (APPs). Eles defendem também a criação de animais silvícolas e de pastoreio – como gado e carneiros – nessas áreas.O deputado paranaense e ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes (PMDB) afirmou que está tudo praticamente fechado em torno do relatório de Rebelo. Stephanes disse ainda que a exploração de outras culturas poderá ser incluída desde que elas cumpram os serviços de recuperação ambiental. “Trata-se de uma questão de alterar a redação [da proposta de Aldo Rebelo] para reduzir as resistências [na aprovação do parecer].”
Reinhold Stephanes criticou a forma como o governo federal tem negociado o texto. “Eles querem que o código seja aprovado por uma ampla maioria de votos, pelo Congresso, para justificar aos países desenvolvidos e organismos internacionais a implantação das mudanças.” Já o líder do Partido Verde (PV), Sarney Filho (MA), considera difícil apreciar um projeto do qual não se tem conhecimento até agora e das mudanças que estão em andamento. Ele acrescentou que “será difícil” votar o código hoje se a nova proposta de Aldo Rebelo for apresentada na parte da tarde. Ele afirmou que o adiamento da votação na Câmara deixou de ser importante. Ele ressaltou que o partido tentará analisar a proposta do relator para que a matéria seja apreciada ainda hoje, mas ressalvou que “o projeto não pode ser votado a toque de caixa”.
Sarney Filho acredita que a presidenta Dilma Rousseff vetará partes do texto, caso a proposta passe no Congresso da forma como está. “Há um compromisso [ainda na campanha do segundo turno à Presidência da República] de não reduzir as reservas legais, as áreas de proteção permanente e não permitir novos desmatamentos, se houver qualquer mudança nesses três pontos”, disse. Stephanes, porém, disse que se Dilma vetar o texto do Congresso os ruralistas e representantes do agronegócio vão explorar ao máximo o assunto nas eleições de 2014. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), reafirmou que a tendência, na Casa, é que a matéria seja aprovada sem qualquer mudança no texto que venha a ser deliberado pela Câmara. Ele evitou, no entanto, prever qualquer prazo para a conclusão da votação no Congresso. “Está havendo um esforço muito grande para que haja um consenso na Câmara. A demora na votação, na Câmara, é justamente pela busca do consenso, que, ao que tenho notícia, está muito próximo.”
Agência Brasil
Marcos Chagas