quarta-feira, 29 de junho de 2011

Inadimplentes temem não poder acessar plano safra
Este ano plano terá um total de incentivos de R$ 107,2 bilhões
Dinheiro nos bancos, mas longe do bolso dos agricultores. O plano safra deste ano vai ter um total de incentivos de R$ 107,2 bilhões. Além disso, terá novas condições de financiamento e abertura de crédito. O problema é que os produtores inadimplentes podem ter dificuldades para acessar os benefícios. Nos 500 hectares que possui em Butiá, no Rio Grande do Sul, o produtor José Almeida Vieira trabalha com pecuária e floresta. Pela dificuldade em conseguir o preço mínimo para o arroz, decidiu diminuir a produção do grão. Os juros oferecidos no plano safra deste ano, não animaram o produtor.
– Parece muito bom a primeira vista, mas detalhes desse plano, R$ 64 bilhões, de juros controlados a 6,75 e aí vem juros livres que chegam a dois por mês. Então quem trabalha a céu aberto com clima do jeito que é, anos bons, anos ruins, que é a ciclicidade do Rio Grande do Sul, eu não acredito que possa satisfazer por completo.  Os R$ 64 bilhões citados por Vieira fazem parte de um montante de R$ 80 bilhões destinados a custeio e comercialização da safra. O valor previsto para este ano, é 6% mais alto do que o oferecido em 2010. O dinheiro pode ser financiado com taxas fixas de 6,75 ao ano. Para o pecuarista, os incentivos são bem vindos, mas outros recursos seriam mais interessantes.
– A gente precisa, mas de juros compatíveis com a nossa realidade, garantia de renda, respeitar preço mínimo e também ver problemas passados, prorrogações que está se tentando fazer com o arroz, no preço que está. Como trabalhar isso, para o produtor não perder – ressalta o pecuarista. O desafio é descobrir como aproveitar os incentivos, uma vez que a oferta de crédito está aumentando, mas o acesso a ele é pequeno. De acordo com a Federasul, no ano passado boa parte dos recursos oferecidos ficaram nos bancos. Este ano o volume de sobra pode ser ainda maior.
– No ano passado sobraram R$ 40 bilhões do anunciado, então R$ 107,2 bilhões é um número que atende, não tem problema. Temos a certeza que se o setor precisar de mais, uma vez utilizado o montante, encontraremos, os bancos estão cheios e estão procurando para quem dar. Essa é a verdade só que as dificuldades para acessar o crédito são de tal ordem que nos últimos anos tenhamos sobras que a pouco comentamos os montantes – comenta o presidente da Farsul RS, Carlos Sperotto. O produtor Wilmar Conrado Klafke trabalha com lavoura de arroz há trinta anos. Em 2006 contraiu dividas em financiamentos. Hoje, tenta renegociá-las com o banco, mas já não consegue crédito. Sem dinheiro para pagar o que deve e enfrentando a baixa no preço do grão, o produtor tem receio de precisar parar de produzir.
– Eles até me prorrogam por cinco anos, só que eu tenho um determinado valor de entrada, se eu negociasse com eles, se eles me financiavam. Dentro do Banco do Brasil não. Posso tentar crédito em outras agências, o que eu acho muito difícil, porque eu estou negociando com eles e eles estão me negando de eu continuar meu trabalho, meu serviço, eu sou agricultor, eu não sei fazer outra coisa – relata.
Cristiane Viegas | Butiá (RS)
CANAL RURAL

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