segunda-feira, 6 de junho de 2011

Município de Cambé, no Paraná, é o campeão nacional de redução de perdas na colheita da soja
Média de perdas no município não chegou a meia saca
O município de Cambé, no norte do Paraná, com 98 mil habitantes, ostenta o título de campeão nacional de redução de perdas na colheita da soja. Este ano 143 agricultores entraram na disputa. Ser vencedor do Concurso de Redução de Perdas na Colheita de Soja não é pouco. A colheitadeira, até o seu destino final, perde muitos grãos pelo caminho. No momento da colheita, o produtor brasileiro perde, em média, duas sacas por safra. São 2,7 milhões de toneladas ou quase R$ 2 bilhões deixados no campo.  No concurso de Cambé a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) comanda a pesagem das amostras recolhidas na hora da colheita. Agricultores ajudam como voluntários e fiscais. No ano passado o produtor campeão perdeu pouco mais de uma saca e meia por hectare. Mas a média do município não chega a meia saca, menos do que o índice adotado como ideal pela Embrapa, que fica em 0,75 saca perdida por hectare.
O tempo trouxe mudança de hábitos, mas os últimos colocados revelam que ainda há muito a fazer.  Cambé tem 35 mil hectares de soja. Se for comparar com o Paraná, que perde uma saca por hectare, Cambé está perdendo a metade. São perdidas 17.500 sacas, a R$ 40, isso dá R$ 700 mil. É dinheiro que não se jogou fora nas propriedades com a regulagem das colheitadeiras pelos operadores – relata o extensionista da Emater de Cambe, Alcides Bodnar. O agricultor Tiago Batistella é também o operador da colheitadeira na sua propriedade. Ele dá a receita contra o desperdício na hora de colher.
– Ele tem que acordar cedo, regular, examinar toda a máquina, regulagem de peneira, de cilindro, ventilação, e ter uma velocidade constante na máquina. Tanto lá atrás regulado como a plataforma, que é onde se tem uma “boa” perda, quando não está regulada. E o clima, durante o dia existem três regulagens: de manhã é uma regulagem, na hora do almoço, que é a hora do sol quente muda e à tardezinha ou ao anoitecer também muda. Ele tem que acompanhar todos esses fatores porque senão a perda é grande – explica.  Para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade o concurso estimula o aperfeiçoamento profissional.
– Hoje há um interesse muito grande entre os operadores. Ninguém quer ficar para trás. Não se torna só uma competição, mas o interesse por melhorar o trabalho – relata o presidente do sindicato, José Miguel Alonso. A Embrapa tem um programa contra o desperdício da alimentação que envolve a redução de perdas na colheita.
– Não é só o foco no grão, é o foco geral, frutas, hortaliças de maneira geral. A preocupação do governo é orientar os técnicos e os produtores para a conscientização do problema de perda, que é inerente a qualquer processo. Através de treinamentos e informações a ideia é que essa perda seja mínima, para que ele possa ter um maior rendimento. Mas a perda no Brasil é grande. São várias as condições, a perda no transporte, desde as fazendas até os silos, os armazéns, as condições de estradas e de caminhões contribuem. Quando a gente olha dentro da propriedade, no processo de colheita em si, é o treinamento do operador da máquina para que ele saiba o que pode acarretar uma elevada perda de grãos na colheita de soja – ressalta o pesquisador da Embrapa Soja, José Miguel Silveira.
Kátia Baggio
Canal Rural  


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